Daqui a exatos cinco anos o Brasil completa seu bicentenário de vida independente. Será um marco na nossa história social e econômica, que vai assinalar a maturidade do processo de construção do nosso projeto de nação e de sociedade. Mas como chegaremos em 2022 dependerá decisivamente do atual momento. O Brasil deve superar a encruzilhada em que se encontra para, realmente, ter motivos para comemorar uma verdadeira independência.
O processo para o Brasil deixar de ser colônia é tão complexo como a formação da nossa nação. Tem como símbolo da Independência o episódio do 7 de Setembro de 1822, mas sua construção vem de muito antes e vai até muito depois. Foi conquistada pelas lutas desenvolvidas pelo povo brasileiro em jornadas rebeldes, na busca de sua liberdade. Destes movimentos, o de maior importância foi a Conjuração Mineira de 1789, que ganhou como símbolo Tiradentes e os Inconfidentes.
Apesar de lento, nosso processo de desenvolvimento forjou um país que se colocou entre as principais economias do globo. Viveu ciclos de crescimento ao desenvolver sua economia e criou um importante parque industrial. O seu último ciclo, iniciado em 2003 com Lula, trouxe importantes avanços. O Brasil se levantou, retomou o desenvolvimento, promoveu amplo progresso social. A política de desenvolvimento vinculou o crescimento à ascensão dos setores mais pobres da população, dando lugar ao que ficou conhecido como “desenvolvimento com inclusão social”. Seu principal legado é ter tirado 36 milhões de brasileiros da faixa de pobreza.
O golpe parlamentar-jurídico que tirou do governo uma presidenta legitimamente eleita veio para alterar o caminho soberano, implementando um projeto de matriz reacionária, ultraliberal e neocolonial. Em tempos de globalização, ganham espaço na geopolítica mundial os países que fortalecem seus próprios instrumentos de desenvolvimento, transformando-os em Estados fortes e soberanos. O caminho trilhado pelas forças golpistas vai a outro rumo, com submissão frente às potências estrangeiras e crescente desnacionalização. Fragiliza as bases da soberania nacional com o desmonte do Estado e dos mecanismos indutores do desenvolvimento. Vendem-se vastas extensões de terra e aliena-se concessões na província petrolífera do pré-sal a grupos estrangeiros. Debilita-se o Estado nacional deixando-o sem condições de fomentar a indústria e reverter a desindustrialização.
É preciso derrotar as forças que golpearam nossa democracia para retomarmos o caminho do desenvolvimento soberano. Unificar as forças políticas que têm compromisso com um projeto de nação e que podem colocar em prática um novo projeto nacional de desenvolvimento, ampliando os direitos do povo, com a valorização do trabalho, do emprego, distribuição de renda e inclusão social.
Para colocar em prática esse projeto precisamos juntar uma Frente Ampla, que reunirá os trabalhadores, a juventude e as mulheres. Aglutinar toda a diversidade das organizações de luta com os setores progressistas e patrióticos.