Ricardo RodriguesConselheiro da Abrasel-MG, Diretor do restaurante Maria das Tranças e da Cruz Vermelha, Mentor, Palestrante e Consultor Sebrae

Chega de pedra: agora queremos flores no caminho

23/09/2021 às 17:16.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:56

 Flores mais admiradas pela minha mãe, os ipês, que coloriram Belo Horizonte durante o inverno, começam a se despedir.

Com a chegada da primavera, na última quarta-feira (22), os tons rosas, amarelos e brancos vêm dando lugar as outras espécies. Na Avenida Afonso Pena, por exemplo, do Centro ao bairro Mangabeiras, é possível ver essa transformação. Em meio ao vai e vem de carros e pedestres, a paisagem urbana contrasta com as sibipirunas e sapucaias. Nestas últimas, inclusive, a beleza vem, principalmente, das folhas que mudam de cor.

Também chamam a atenção e, principalmente, enfeitam a cidade neste período, árvores como a pata-de-vaca, acácia, tipuana e flamboyant.

O destaque para a estação das flores na abertura do meu texto não foi proposital. A primavera carrega um forte simbolismo que muito me atrai. Talvez ela seja o período do ano onde mais podemos perceber as transformações na paisagem que nos cerca, bem como a força da beleza e da vida pulsante. E, diga-se de passagem, que bom poder vivenciar essa profusão de cores em um momento no qual, aos poucos, as coisas parecem retomar seus eixos, entrar nos rumos.

Motivos para que eu pense assim não faltam: as perspectivas do setor de bares e restaurantes para o final do ano são relativamente boas. O brilho das praças e mesas de bares repletas de clientes, da BH de outrora, parece, novamente colorir a cidade, tal como as flores belas desta primavera, citadas no início do texto. Esse brilho gera empregos – prova disso é que a Abrasel-MG espera criar, até dezembro, cerca de 10 mil postos de trabalho em todo o Estado -, traz renda e movimenta nossa economia. Esse brilho é o que identifica a capital nacional dos botecos como a bela cidade criativa da gastronomia, título de 2019 que a pandemia ainda não nos deixou saborear.

Depois de um inverno rigoroso que enfrentamos, (muitos colegas do comércio infelizmente não sobreviveram aos dias de “frio intenso”), eis que chega o momento da transformação, da renovação, de pensar que o amanhã é possível. Foram muitas as batalhas, os dissabores, as incertezas e as portas fechadas. Mas como a vida, feliz ou infelizmente, é formada de ciclos e o ano de estações, a beleza vem se achegando novamente sob nossos ombros, calma, serena e tranquila. E junto dela, o cumprimento daquela famosa frase: não há noite demasiadamente longa incapaz de encontrar o dia. 

Diferentemente da primavera tradicional, espero que a nossa (a minha e a sua) não dure só até 21 de dezembro, mas que permaneça e se concretize dia após dia. Estamos cansados e fartos das pedras. Queremos flores, muitas flores no caminho.

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