No próximo dia 20 fazem exatos dois meses que bares e restaurantes de Belo Horizonte estão de portas fechadas. E nesse período ao menos um milhão de empregos formais já foram extintos no setor em todo o Brasil. Esse triste dado foi colhido por meio das associações que representam o segmento de alimentação fora do lar no país.
Infelizmente, as incertezas sobre o tempo de duração da pandemia de coronavírus deixaram os empresários sem muitas opções de ação. Em um primeiro momento, logo quando foi decretado o fechamento por tempo indeterminado dos estabelecimentos, colocamos parte de nossos funcionários em férias. Paralelamente, o governo federal criou a Medida Provisória dos Salários, (A MP autorizou suspensão de contratos ou redução de jornada e salários, com compensação paga pelo governo federal). Entretanto essas medidas são paliativas. Apenas minimizam os prejuízos financeiros decorrentes da impossibilidade de operarmos com as casas abertas.
Algumas intervenções do Poder Público também contribuíram para agravar ainda mais o cenário, como por exemplo a liminar infeliz concedida pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, em abril, que exigia a validação dos sindicatos nos acordos individuais para redução de jornadas e salários entre patrões e empregados. Detalhe: Durante os 10 dias em que esta liminar aguardou julgamento pelo STF, [felizmente ela caiu] as demissões aumentaram cinco vezes mais em relação ao número de desligamentos que vinha acontecendo.
Aqui em Belo Horizonte, exemplos de colegas que precisaram andar com a calculadora nas mãos desde que seus bares e restaurantes tiveram que encerrar a operação é o que não faltam. Alguns, felizmente, conseguiram migrar para o delivery. Porém este formato de vendas, de longe, não é capaz de manter ou superar a receita que o restaurante tinha antes da pandemia. Trata-se apenas de uma forma mínima de sobrevivência, afinal as contas continuam chegando e é preciso, também, arcar com a folha de pagamento dos funcionários que não foram desligados.
Uma possível esperança aparece no horizonte com a notícia de que o comércio da capital mineira deve começar a reabrir a partir do próximo dia 25. Entretanto ainda é cedo para comemorar. A confirmação vai depender do crescimento da Covid-19 em nossa cidade e mesmo que a reabertura aconteça [é o que de fato espero] a rotina não voltará a normalidade, tal como era antes. Pelo menos por agora. Teremos que seguir vários critérios recomendados pelas autoridades de saúde, ou seja, ir desenhando o novo futuro por partes, em passos lentos e seguros. Mas mesmo diante de tantas incertezas, nada (absolutamente nada) tira a minha esperança.