Natal é sempre uma data de reflexões. É inevitável não olharmos para o passado e repensarmos tudo o que nos trouxe até aqui, rememorarmos as perdas, os desafios e as conquistas. A pandemia, obviamente, acentuou ainda mais esse sentimento de lançarmos luz para o que passou. Nos últimos dois anos, por exemplo, as palavras ‘restrição’ e ‘incerteza’ nunca estiveram tão presentes em nosso vocabulário e nas conversas rotineiras.
O Natal de 2020 praticamente inexistiu. Naquela época a vacina contra a Covid-19 ainda não era aplicada no braço dos brasileiros e todos sofríamos, seja com a perda de entes e amigos queridos, com a falência de empresas, desemprego aos montes, o que nos fazia mergulhar – contra a nossa vontade – em um cenário nebuloso de dúvidas sobre quando todo aquele pesadelo iria acabar e se realmente iria acabar.
O ano de 2021 começou e com ele a esperança espalhada em doses: uma, duas, a terceira (de reforço). Tivemos o medo das variantes, em especial Delta e Ômicron. Esta última, aliás, nos assombrou no apagar das luzes de novembro e dezembro, provocando uma explosão abrupta de casos. Mas a ciência, tal como uma luz salvadora no fim do túnel, escancarou, mais uma vez, sua importância, já que o número de óbitos não subiu na mesma proporção que a incidência de contaminações. Tudo graças às injeções preciosas carregadas de vida.
Por fim, eis que chega 2022 e, este sim, de fato, veio com mais pujança. Os grandes eventos voltaram à cena, as pessoas se reencontraram, os abraços foram retomados e bares contrataram a todo vapor para atender uma demanda ávida. Ainda temos, logicamente, alguns períodos de incidência maior da Covid, mas nem de longe eles se comparam ao que vivemos nos idos de 2020, quando sequer sabíamos se a vacina seria possível.
Todos esses períodos de calmaria e sobressaltos, tempestade e bonança, céu e inferno, inevitavelmente me fazem pensar no valor singular e grandioso da vida. Vida que deve ser celebrada a todo momento, afinal renascemos todos os dias. O renascimento, aliás, nunca foi tão constante como nos últimos dois anos.
Costumo, inclusive, comparar a vida a uma árvore frondosa que se adapta às quatro estações do ano. Houve fases em que as nossas folhas secaram e caíram. Houve também momentos em que pudemos contemplar as flores vivas e viçosas brotando nos galhos. Houve transformação, houve adaptação e continua havendo, sobretudo, fé por dias melhores. Enquanto existir esse sentimento, por sinal, continuaremos lutando.
Um Feliz Natal a todos e que possamos seguir juntos e fortes sem medo das transformações que, certamente, ainda estão por vir.