Ricardo RodriguesConselheiro da Abrasel-MG, Diretor do restaurante Maria das Tranças e da Cruz Vermelha, Mentor, Palestrante e Consultor Sebrae

Dúvidas, dúvidas, dúvidas

03/12/2021 às 11:06.
Atualizado em 08/12/2021 às 01:12

Depois de um longo período de restrições e impactos severos na economia, causados pela pandemia, estávamos esperançosos de que, com o avanço da vacinação, o Carnaval de 2022 em Belo Horizonte, fosse, de fato, voltar. Evento esse que, em fevereiro do ano passado, quando ainda nem sonhávamos com a Covid 19, levou cerca de 4,5 milhões de foliões para as ruas da capital, que gastaram, em média, R$ 65 por dia no comércio da cidade, além, é claro, de fomentar o caixa do setor de alimentação fora do lar.

Porém, entre expectativa e realidade há um longo e inóspito caminho. Isso porque com o anúncio recente do prefeito Alexandre Kalil (PSD) de que a festa não será ‘patrocinada’ pela prefeitura, o esperado balde de confete e serpentina deu lugar a outro, de água bem fria.

Entendo que, neste momento de retomada, todo cuidado para evitar aglomerações e uma possível nova onda de infecções pela Covid, principalmente por causa da chegada de uma nova variante, a Ômicron, é extremamente necessário e prudente, mas não posso deixar de destacar alguns questionamentos e incoerências sobre o posicionamento de nossa administração municipal acerca do assunto: não financiar significa apenas que a PBH não irá publicar editais para patrocinar projetos ou não haverá apoio em nenhum sentido dos nossos órgãos públicos?

Caso as pessoas decidam ir para a rua no feriado (como bem disse nosso prefeito, não é possível proibi-las disso), a BHTrans vai operacionalizar a logística do Carnaval, com fechamento de ruas e reforço nas linhas de ônibus para atender os foliões? Após os desfiles dos blocos, teremos o Serviço de Limpeza Urbana (SLU), com seus profissionais essenciais, varrendo as ruas? Durante todos os dias de festa, poderemos contar com o trabalho integrado da Guarda Municipal e Polícia Militar no que se refere à segurança da população que optou por se divertir e até mesmo daqueles que precisam sair para trabalhar? Por fim, as festas privadas, cada vez mais em ascensão em nossa cidade, terão aval para serem realizadas?

Todas essas perguntas precisam ser bem esclarecidas pois uma festa com à proporção que o nosso carnaval tomou, considerado hoje um dos maiores do país, não pode ser tratada com tanta superficialidade. Estamos falando, sobretudo, de um movimento que gera negócios, traz oportunidades de turismo, além de milhares de empregos diretos e indiretos.

A minha fala neste espaço não é para confrontar a nossa prefeitura que, imagino estar bem amparada com seu comitê de infectologistas a ponto de tomar uma decisão desse porte, capaz de influenciar a vida de tantas pessoas. Entretanto, é preciso clareza na comunicação, clareza no significado do ‘não financiar’. A fala do Sr. Prefeito, por enquanto, nos deixou com mais dúvidas do que convicções e certezas.

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