Ricardo RodriguesConselheiro da Abrasel-MG, Diretor do restaurante Maria das Tranças e da Cruz Vermelha, Mentor, Palestrante e Consultor Sebrae

Vamos meter a colher sim!

Publicado em 10/02/2023 às 06:00.

De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 82 mulheres foram vítimas de feminicídio em Minas Gerais entre janeiro e junho de 2022. O Estado lidera o triste ranking nacional, que registrou 699 casos no mesmo período no Brasil. O número é superior aos 677 computados em 2021.

Como estamos diante de um problema grave, diferentes setores da sociedade devem (sim) intervir para garantir a proteção das mulheres. Por isso, a Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) se uniram para criar a campanha "Não disfarce a sua dor". O alerta é para que as vítimas de violência doméstica não se calem diante das ameaças, procurem ajuda e, principalmente, não se sintam sozinhas.

Para essa iniciativa, foram afixados 200 cartazes nos bares e restaurantes da capital, além da colocação de 400 adesivos nos banheiros. A campanha também foi divulgada por meio de 10 mil folhetos. Além disso, 3 mil porta-copos estão sendo distribuídos gratuitamente, reforçando a importância da vítima denunciar o agressor.

Cada casa, porém, tem autonomia para criar sua própria estratégia de combate à violência.
Há bares, hoje, por exemplo, que oferecem um drink chamado Lapenha, que nem existe no cardápio. Ele funciona como uma espécie de código para que as mulheres possam pedir ajuda aos funcionários sempre que se sentirem ameaçadas pelo parceiro. 

Um exemplo: se elas estão em um encontro que não vai bem, a pessoa não é quem disse ser ou sequer se sentem seguras, podem ir até o bar e pedir a bebida. A partir do momento que os garçons sabem dessa situação, eles ficam à disposição para atender a pessoa, chamar alguém para acompanhá-la até o carro, Uber, táxi ou até acionar a polícia, se necessário.

É de extrema importância que estabelecimentos do setor de entretenimento, como bares, casas de shows e restaurantes se envolvam nessa corrente, afinal são nesses ambientes que, infelizmente, muitas mulheres são coagidas e, na maioria das vezes, sequer sabem como denunciar. 

E, pasmem: em muitas situações esse cenário de violência vem se repetindo há meses e anos. Ainda é difícil para muitas romperem o ciclo de agressões por temor à própria vida. A campanha "Não disfarce a sua dor' ainda orienta as vítimas a comparecerem ao Ponto de Acolhimento à Mulher em Situação de Violência, instalado na Câmara Municipal de BH. No local são realizados atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, de modo presencial, pelo telefone (31) 3555-1394 ou pelo e-mail acolhimento.mulher@cmbh.mg.gov.br.

E se você, que agora lê esse texto, infelizmente passa por uma situação de violência doméstica, não se cale e não tenha medo. Denuncie! Nós vamos continuar fazendo a nossa parte, porque em briga de marido e mulher, ou melhor, na briga do homem com qualquer mulher, a gente não só mete a colher como chama a polícia.

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