A mulher brasileira realmente é dinâmica e, com frequência, busca novas oportunidades de melhoria da sua qualidade de vida. Cada vez mais elas se lançam como empreendedoras no país. Deixar de ser empregada e ter o seu negócio próprio tem sido uma excelente alternativa para aumentar o rendimento familiar ou até mesmo tornar a atividade principal fonte de renda.
De acordo com levantamento da Global Entrepreneurship Monitor em 2016, a principal pesquisadora de empreendedorismo do mundo, 51,2% dos empreendedores mundiais que iniciaram negócios são do sexo feminino, o que vem contribuindo para o aumento da autonomia financeira das mulheres.
É inquestionável que a renda das mulheres é cada vez mais importante para o orçamento familiar. No Brasil, por exemplo, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) mostra que quatro em cada dez lares brasileiros são chefiados por mulheres. Dessas, 41% são donas dos próprios negócios.
O município de Bocaiúva, no Norte do Estado de Minas Gerais, tem um exemplo que retrata bem essa garra feminina. Com a ajuda do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), operacionalizado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), em parceria com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, do governo Federal, foi criada a Feira Livre das Mulheres Empreendedoras Rurais.
Durante muitos anos, as trabalhadoras buscavam incentivos para comercializar seus produtos e expandir os negócios. No entanto, a burocracia as impedia de progredir. Foi com o incentivo do Pnae que muitas delas intensificaram o plantio de hortaliças e frutas, estruturaram a fabricação de doces e farinhas e aumentaram a produção de ovos caipiras. Assim, conseguiram elevar seus rendimentos e proporcionar uma vida melhor às famílias.
Segundo relatos das próprias produtoras rurais, vender seus produtos para o governo é muito vantajoso porque são pagos à vista assim que repassados às escolas da rede estadual e municipal. Como a maioria delas desenvolve um empreendimento familiar e próximo das unidades escolares, o preço das mercadorias fica bem menor que os praticados no comércio local.
Na realidade, o Pnae abriu uma porta de oportunidades para essas empreendedoras progredirem ainda mais. Agora, elas têm acesso a linhas de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e poderão investir em suas propriedades de maneira mais profissional.
A Feira Livre das Mulheres Empreendedoras Rurais, mais conhecida como Feira de Mulheres, é um projeto inovador, com pretensões arrojadas e que veio suprir a falta de emprego na região de Bocaiúva. Graças a iniciativa dessas guerreiras e ao apoio do Pnae, o clima entre elas é outro. Com mais autoestima, a alegria e a autoconfiança estão visíveis em seus rostos e elas já podem contar com uma renda mensal.
Antes, o foco das famílias era a subsistência, mas depois que as vinte primeiras agricultoras familiares se uniram para também comercializar o excedente da produção, suas vidas se transformaram com novo fôlego. Com mais experiência e conhecimento devido à capacitação técnica oferecida pelos órgãos estatais, elas dão saltos mais altos. Optaram por produzir e vender também produtos orgânicos, como forma de agregar valor ao que vendem. A experiência deu tão certo que já se fala em ampliação da área para plantio.
Desde que a feira foi inaugurada, em junho de 2016, as mulheres empreendedoras rurais não falam apenas em negócios. A interação, a solidariedade e o respeito mútuo são os principais ganhos das valentes e competentes mulheres do Norte de Minas Gerais.
Para conhecer um pouco mais sobre a famosa feira, ela funciona toda sexta-feira na praça do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bocaiúva, das 15h às 20h. Lá, você terá o campo dentro da cidade. Mulheres empreendedoras rurais: a força de Minas Gerais!