(Bruno Cantini/Atlético/divulgação)
Se fosse uma disputa de partidas políticos, a esquerda do Atlético ganharia fácil a eleição das últimas três temporadas. Douglas Santos e Fábio Santos deram consistência ao setor, enquanto a direita viveu altos e baixos, mais baixos do que altos, para falar a verdade. O lado destro se corrompeu, no sentido lato da palavra, como adulteração das características originais de algo. O que se viu nos últimos anos esteve muito longe da intensa movimentação e das trocas de passes mágicas entre Marcos Rocha e Luan, por onde saíram muitos gols na época de vacas gordas. Ídolo da torcida, o Maluquinho viveu a crise da “carne fraca”, e o camisa 2, apesar de ainda ser um dos melhores homens da posição no Brasil, virou nome de avenida para o ataque adversário, principalmente após a saída dos volantões para a entrada de jogadores mais técnicos. Como um governante reformista, Oswaldo de Oliveira deu nova feição ao setor. Samuel Xavier terá que vencer a desconfiança do eleitorado atleticano, sofrendo a comparação com Rocha, que reinou por sete anos. O recém-chegado, porém, mostrou características que talvez se encaixem melhor à proposta tática do Galo. Róger Guedes é jovem, rápido e não tem medo de driblar quando há condições de entrar na área, coragem que faltou ao ataque alvinegro em 2017. O ex-palmeirense tem potencial para ser uma espécie de Bernard, ainda que este tenha ido para as bandas da esquerda. O Atlético de hoje parece se aproximar do time de 2012, não só pelo fato de contar com renegados em seu elenco. Embora a corrida eleitoral esteja só no começo, há algo ali que nos remete ao grupo fez todo mundo acreditar em milagres, com uma defesa bem compacta para deixar os atacantes mais livres. Só falta um armador que desperte confiança. Se bem que, pouco antes de vir para o Galo, Ronaldinho não tinha cacife nem para vencer a eleição do condomínio. Tanto é assim que foi avisado pelo presidente Alexandre Kalil de que estaria fora se pisasse na bola. Com Cazeres, poderia acontecer o mesmo. E por falar em dirigente, o Atlético precisa ser rápido para contornar qualquer sinal de crise. No ano mais glorioso, não foi diferente. Talvez poucos se lembrem que, naquela temporada, estavam Araújo e Moraes. Não chegou a ser uma reforma ministerial, mas foram importantes para o time se manter unido e focado. Embora não existam fórmulas mágicas para vencer, com todo mundo ciente de que estão ressuscitando velhas promessas de campanha, só mudando o nome, não seria mal se valerem das mesmas propostas de 2012. Afinal, aquelas têm eficácia comprovada por três anos.