(Bruno Cantini/Atlético/divulgação)
Bruno Cantini/Atlético/divulgação / N/A
Após impedir a chegada do coelho no domingo de Páscoa, só faltou ao Atlético distribuir o chocolate.
Como já ilustrava aquela pergunta-resposta em forma de música, “Coelhinho da Páscoa, o que trazes para mim? Um ovo, dois ovos, três ovos assim”. E foi assim mesmo. Um atrás do outro, como o sprint de uma lebre nos campos.
Oito minutos que fizeram o atleticano mais chocólatra imaginar um jogo meramente amistoso no Mineirão, se dando ao luxo de entrar em campo com aquilo que tem de mais amargo, com Felipe Santana, Roger Bernardo e Hyuri. E, quem sabe, o zagueiro Maidana, dopado pelo uso exagerado do chamado “alimento dos deuses”, como a civilização maia denominava o chocolate.
Já falaram que água e chocolate não combinam, mas bastou o “tempo da água” para o sabor doce se fazer presente. Não por acaso, foram três minutos de parada. Um tempo ainda maior poderia deixar o resultado ainda mais crocante.
A água é um elemento essencial às conquistas do Atlético. Basta lembrar dos copinhos distribuídos no Independência que traziam os dizeres “Aqui tem água”. É como se falassem “Aqui é Galo!”, expressão mais lembrada quando dita por Ronaldinho Gaúcho, batendo a mão no braço. E foi exatamente o Bruxo quem protagonizou outra situação envolvendo o líquido precioso, no primeiro jogo da Libertadores de 2013, ao dizer ao goleiro são-paulino que estava com sede. Rogério deu água, mas Ronaldinho estava sedento mesmo era de gols, tocando a bola para Jô abrir o placar após uma cobrança de lateral de Marcos Rocha enquanto ele ainda “limpava a boca”.
Não é só de sobremesa a base de cacau que se faz a Páscoa, principalmente porque, com tanto gordura, o Galo já se deu por satisfeito antes de a partida terminar, sem conseguir confirmar um chocolate puro. É também o domingo da ressurreição e a vitória incontestável no clássico mostrou que o time renasceu das cinzas depois de Thiago Larghi assumir o comando. O Atlético exibiu uma equipe que preparou algumas surpresas (e não estamos falando da marca sensação dos anos 80 e 90) durante a semana de treino fechado, em especial a bola parada saída dos pés do venezuelano Otero.
Durante oito minutos, ele fez o chão tremer, efeitos que foram sentidos até a manhã de segunda em várias regiões do país. Dizem que o epicentro aconteceu na Bolívia, mas creio que os sismólogos erraram de cálculo, sem perceber que da Venezuela vem a nova “bomba” do Galo.
Se perdemos a malemolência de Robinho e o oportunismo de Fred, ganhamos outras características ofensivas na crença do pastor Ricardo Oliveira de que “nada nos faltará”, especialmente se tiver como companheiro de campo um obreiro como Otero. Não é por acaso que, na Venezuela, o cacau é considerado o petróleo do futuro. Quando as reservas de óleo se esgotarem, combustível haverá de sobra na forma da fruta. Em tempo de coelhos magros, é essa energia que dá gosto.