(Bruno Cantini/Atlético/divulgação)
Bruno Cantini/Atlético/divulgação / N/A
Eu, a caminho de Recife. O Atlético, no mesmo dia, saindo da capital pernambucana em direção a Belo Horizonte, após ser derrotado pelo Sport por 3 a 2. Imaginei que, como em outras oportunidades, toparia com a equipe no aeroporto. O desencontro entre o que a torcida anseia e o que o alvinegro tem respondido em campo é tão grande que até uma linha reta parece ganhar contornos imprevisíveis.
O gol é exatamente isso, um traçado belo, esperado, entre o chute e a comemoração. No caso do Atlético, o que temos visto ultimamente é um Leonardo Da Vinci que, na derradeira pincelada, resolveu pôr um par de chifres na Monalisa, além de um bigodinho para esconder aquele sorriso enigmático. Quase uma brincadeira de mau gosto na forma como o time deixa escapar vitórias, cada vez mais frequentes.
Se não fosse plea falta de gasolina nos postos, talvez ainda sobrasse um pouco de ânimo para ver o Galo em ação na Ilha do Retiro. A viagem acabou sendo adiada de terça para quinta, dia de Corpus Christi. Antes, poderia estender um tapete vermelho para um dos líderes do campeonato. Hoje, como reza a tradição, ele seria de sal. Queimaria os pés, claro, mas dizem os especialistas que o sal tem poderes antissépticos, cicatrizando a ferida reaberta.
Justamente nos dias que deixamos os carros na garagem, o Galo também experimentou uma crise de combustível, descendo a ladeira do Campeonato Brasileiro com o motor desligado. O que nos traz à triste memória da tragédia do voo da Chapecoense, nosso adversário de amanhã. A sensação deve ser a mesma: vemos as luzinhas lá na frente, mas falta combustível para realizar o pouso com total segurança.
A necessidade de gastar menos nos fez perder o principal poço de petróleo: Otero. O camisa 11 venezuelano não era um craque, um jogador refinado, com certeza, mas também não era uma gasolina comum ou “batizada” com álcool. Apesar de ter exagerado na energia na final do Mineiro, contra o Cruzeiro, ele tinha uns aditivos, vamos dizer assim, tornando-se esperança de gols em bolas paradas, por exemplo.
O engraçado é que, saído da Venezuela, país sustentado primordialmente pelo petróleo, Otero esteja agora na Arábia Saudita, outro grande produtor de ouro negro. Ficamos no papel de intermediário,de um caminhoneiro autônomo na beira de estrada. Em meio ao deserto, um Mad Max de galão na mão disputando litrinhos de gasosa na base do tapa. Ela mal dará para o cheiro, como deverá ser o ano do Atlético, entrando numa secura de títulos como há muito não se via.
Nos resta a mesma esperança dos fãs dos quadrinhos entristecidos após ver, em “Guerra Infinita”, todos os super-heróis (atenção: spoiler) vencidos pelo vilão Thanos, aguardando ansiosamente por 2019, quando a segunda parte será lançada e conheceremos uma solução, por mais que seja nebulosa (desculpem, outro spoiler). Se fosse o Deadpool na continuação em cartaz nos cinemas, já teria mandado tudo para os ares (sim... err, vocês já sabem).