Quem dera se o futebol pudesse adotar a regra de seu primo americano, estranho esporte que usa uma bola oval e tem um monte de jogador de capacete trombando um no outro. Falo especificamente daquele momento em que um time inteiro é trocado, sem limites de número de substituições. Não uma, mas várias vezes durante a partida.
O técnico pode se dar ao luxo de pôr em campo um grupo mais defensivo no instante em que sofre o ataque ou mais ofensivo quando está pressionando o adversário. Valer-se desse recurso seria a única maneira de ter Carlos César, Marcos Rocha, Fábio Santos e Douglas Santos nas duas laterais do Atlético, durante uma mesma partida.
Considerados titulares absolutos há um mês, Rocha – machucado – e Douglas – na seleção olímpica – viram a equipe subir de produção no Campeonato Brasileiro, vencendo cinco partidas seguidas, exatamente quando a dupla não estava entre os 11. Agora que estão perto de voltar, fica a dúvida sobre quem deverá assumir o posto de número 1.
Diz o provérbio futebolístico que, em time que está ganhando, não se mexe. Mineiramente, o técnico Marcelo Oliveira poderá esperar o sempre aguerrido Carlos César receber o terceiro cartão amarelo – já está com dois – para promover o retorno de Marcos Rocha à lateral direita. Mas terá que buscar outra solução para o caso de Douglas Santos.
Na lateral-esquerda, é um santo contra outro. Não existe São Douglas ou São Fábio, mas este último leva vantagem no sobrenome: Romeu, de origem religiosa. Quer dizer “romeiro”, “o que peregrina a Roma”. Segundo site sobre nomes, está relacionado a pessoas destemidas, sérias, que adoram desafios e que se adaptam facilmente a uma nova situação.
Nunca soube de um santo que ataca, mas podemos recorrer à imagem de São Jorge, um soldado romano corajoso que, na lenda, mata um dragão com a sua lança. Talvez esse seja o Marcos Rocha, que cometeu muitas falhas na defesa, principalmente no ano passado. Fundamental, porém, na hora de pôr os companheiros em situação de gol.
Santo que defende há muitos, desde os protetores dos que perderam chaves aos das pessoas e com dores de cabeça até os que estão com diarreia. Curiosamente, não existe nenhum santo que proteja os jogadores de futebol, embora já tenham pensado em São Paulo para isso. Mas imagine a discórdia que renderia, com Santos e Santa Cruz.
Mas se olharmos pelas datas de nascimento de Fábio Santos e Douglas Santos, o primeiro sai na frente, pois tem a seu favor São Cornélio e São Cipriano, enquanto Douglas conta com um obscuro São Berilo, que o Google teima em não achar. O mineral berilo, este sim conhecido, pelo menos dava poderes divinatórios a quem o carregava, segundo os druidas.
Fui conferir o santo padroeiro lembrado em 4 de dezembro, dia da última rodada do Campeonato Brasileiro. É Santa Bárbara, defensora justamente dos mineiros e dos artilheiros. Se o ataque atleticano continuar marcando tantos gols, cada um mais bonito que o outro, até os céus dirão amém, independentemente de quem estiver correndo pelos lados.