Uma das principais perguntas que recebo de iniciantes é sobre a quantidade de ativos que uma carteira de investimentos precisa ter. Existe um número mágico de ações? Posso ter muitos ativos de um mesmo setor? Acho essa pergunta muito boa. Afinal, a diversificação é um dos princípios fundamentais que o investidor deve ter em mente para ter sucesso na sua trajetória. Mas até que ponto a variedade na carteira é positiva?
No geral, um ativo sofre volatilidade em três pontos principais: por causa do mercado como um todo, pelo seu setor e pelo próprio ativo em si - ou seja, de eventos específicos relacionados à uma empresa, como uma acusação de corrupção, por exemplo. Dessa forma, se você tem apenas um ativo em sua carteira, você está exposto a muitos riscos. Por outro lado, quanto mais você vai adicionando ativos neste portfólio, você vai reduzindo a exposição a esses riscos específicos e vai se aproximando aos resultados da média de mercado.
Acontece que os benefícios da diversificação tem efeitos relevantes apenas até o 20º ativo presente nela. Se você observar um gráfico da relação entre risco e quantidade de ativos pode perceber que, quanto mais ações em uma carteira, menor o risco, mas essa curva deixa de cair após o 21º. Por esse motivo, para montar uma boa carteira eu recomendo algo entre 15 a 20 ativos que façam sentido para o investidor.
Outro ponto a se levar em conta quando falamos de um número elevado de ativos é a concentração setorial. Se você tiver muitos ativos, consequentemente, terá muitos ativos em um setor específico, o que implica uma exposição muito alta. Isso não é diversificação. Minha regra de bolso é: não possua mais de 15% de seu capital em uma única empresa e não possua mais que 30% de seu patrimônio em apenas um setor. Desta forma, você estará razoavelmente protegido de eventos que impactem esse cenário.
Uma outra alternativa que já falamos por aqui é sobre a diversificação geográfica. Além de levar em conta setores, considere comprar ativos internacionais que podem contribuir com essa redução de risco. Mas lembre-se, é preciso ter um teto no número de ações e também calibrar bem o percentual que você vai botar num setor. Além de garantir os benefícios da diversificação, ajuda a viabilizar o controle, uma vez que acompanhar muitos ativos também é um desafio complicado.