Léo Miranda*
Era o final do ano de 2006, não me recordo o mês ao certo, mas me lembro muito bem que em uma conversa com um colega de turma na cantina do Instituto de Geociências da UFMG ele me perguntou: “Léo, você tem interesse em trabalhar em um pré-vestibular como monitor?”.
Ao mesmo tempo que a pergunta foi de encontro à minha expectativa enquanto estudante de licenciatura em geografia, causou um enorme frio na barriga: eu, professor? Naquele momento a timidez e o medo de não atender às expectativas, tanto do meu colega quanto dos alunos com os quais eu lidaria, me fizeram titubear. Pedi a ele um tempo para pensar, mas na noite daquele dia mesmo já havia tomado a minha decisão: eu topo o desafio!
Foi assim que na semana seguinte fui conversar com o coordenador do pré-vestibular, em uma breve entrevista com instruções básicas do que eu deveria e não deveria fazer enquanto monitor da instituição. Me lembro de dizer a ele que estava muito empolgado, principalmente porque havia estudado no colégio também da instituição e que ali fiz muitos amigos, além de guardar lembranças muito felizes dos anos de ensino médio.
Combinamos que eu iniciaria o trabalho na unidade de Contagem e que o horário de atendimento se encerraria às 18h, uma hora antes do horário de início das minhas aulas na universidade e a duas linhas de ônibus e algumas paradas de metrô de distância.
O deslocamento consumia uma hora e meia e no caminho eu aproveitava para ler o xerox do texto da aula do dia. Como chegava atrasado, sempre contava com um colega mais caridoso para me passar as anotações iniciais do primeiro horário e principalmente com a boa vontade dos professores, afinal assim como eu vários outros estudantes também tinham os seus trabalhos durante o dia e vinham para a universidade à noite.
Com o tempo fui pegando experiência e passei a exercer a mesma função em outras unidades do cursinho, só que agora em Belo Horizonte. Nos dias de intervalo das monitorias, passei a dar aulas em alguns cursinhos comunitários, o que me rendeu experiência e a perspectiva de como a educação pode mudar histórias.
A minha própria mudou de rumo em 2009, três anos depois do início na monitoria de geografia, quando fui chamado para substituir o professor titular da área que havia se afastado por um grave problema de saúde. Alguns meses depois ele retornou recuperado e eu fui convidado para integrar a equipe de professores junto com ele. Eram ainda poucas aulas, mas para mim uma oportunidade para aprimorar a minha didática e conhecimento, além de uma baita responsabilidade, afinal os alunos que assistiam as minhas aulas estavam em busca de um sonho!
Foram 17 anos nessa instituição, três como monitor e outros 15 como professor de geografia. Nela fiz muitos amigos, conheci a mulher da minha vida e tive a oportunidade de participar das histórias de milhares de pessoas, muitas delas sem mesmo saber. Em comum a todas elas, um fato: o poder transformador da educação!