Léo Miranda*
O ano de 2023 começou com tudo! Fatos, histórias, perdas, mudanças e tudo mais em pouco mais de um mês e que afetam diretamente a nossa vida de alguma forma, seja no cotidiano, nos rumos do país, na nossa saúde mental ou mesmo nos rumos do que ainda está por vir.
Logo nos primeiros dias do ano, para ser mais preciso, no dia 8 de janeiro vivenciamos mais um dos capítulos tristes e absurdos da nossa história enquanto país, um misto de barbárie, inconsequência e atos criminosos como há muito não se via por aqui. A destruição de prédios públicos e os atos contra a democracia confirmaram mais uma vez o quanto ainda precisamos investir em educação e reabilitar a cidadania por meio dela.
Algumas semanas depois, vieram à tona as condições desumanas às quais os indígenas Yanomamis estavam submetidos em virtude do avanço do garimpo ilegal em suas terras nos últimos anos, o que inviabilizou a pesca pelo uso de mercúrio e fez com que a malária se alastrasse como pólvora, resultado da destruição da floresta.
Mesmo com a ação imediata do Estado no socorro aos Yanomamis, novamente comprovou-se que os povos originários brasileiros ainda são vítimas da invisibilidade histórica, realidade muito diferente em outros países, mas ainda distante no nosso. Um janeiro e tanto!
Eis que se inicia o mês de fevereiro, o mês do carnaval, festa que durante os últimos anos ficou apenas no imaginário popular, já que a Covid-19 batia à nossa porta. Com a expectativa lá em cima após um longo período de restrição, passamos a vislumbrar a normalidade depois de tempos tão turbulentos e sombrios.
Mesmo assim, fevereiro nos reservou algumas surpresas logo de início, como a partida da jornalista Glória Maria na última quinta-feira, dia 2. Não consigo lembrar da Glória sem pensar no sorriso, gentileza, competência, profissionalismo sempre presentes nas suas reportagens, como também do legado que ela deixou para o país enquanto mulher negra.
No domingo, em uma das homenagens que Glória recebeu, no programa Fantástico, uma especial me tocou profundamente, a de uma jovem que gostava de imitá-la, uma fã mirim, que dizia que quando crescesse estudaria jornalismo também. Na homenagem do Fantástico, foi exibida a reportagem do dia em que a jovem finalmente conheceu a Glória e como ela e a jornalista descreveram esse momento mágico. No encerramento do programa do último domingo, a mesma jovem foi entrevistada ao vivo e em meio a lágrimas disse que seguiria o seu caminho inspirado em Glória Maria. Fiquei pensando em uma frase que sempre reverbera em meu coração de educador e pessoa: “a palavra convence, o exemplo arrasta”!
Tudo isso em apenas um mês e nove dias! Que 2023 nos traga motivos para acreditar que mesmo em meio às intercorrências da vida, do Brasil e do mundo, possamos acreditar em dias melhores virão ainda esse ano!