EducaçãoLéo Miranda. Do \“Mundo Geográfico\” - YouTube Marcelo Batista. Do \“Aprendi com o Papai\” - YouTube

O futuro incerto

17/06/2021 às 16:46.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:12

Léo Miranda

  

Passados um ano e três meses do início da pandemia de Covid-19 em meio a tantas incertezas quanto ao futuro, um deles é certo: o retrocesso escolar no Brasil. A situação é reflexo da defasagem na assimilação de conteúdos e reflete as limitações do ensino remoto, principalmente do acesso a ele. Essa realidade assola principalmente os mais de 45 milhões de brasileiros matriculados em instituições de educação pública e já não é mais novidade (pelo menos não deveria ser). Ao mesmo tempo não é novidade a inércia das ações estatais, que tentam sem muito sucesso amenizar os múltiplos problemas, por sinal mais antigos e estruturais que a pandemia. É certo que o atraso escolar irá custar a esses brasileiros chances mais limitadas no futuro, de uma formação cidadã, mas também de melhores oportunidades de vida e emancipação social.

No panorama atual não há dúvidas que um retorno ao ensino presencial seria a forma mais rápida, eficiente e barata para reduzir os prejuízos de aprendizagem alicerçados durante os últimos meses. Porém, há de se perguntar: em quais condições? O avanço lento da vacinação abre caminho para o surgimento de novas variantes do vírus da Covid-19, mutações genéticas que resultam na prevalência de números elevados de contaminados.

Soma-se a esse cenário a ausência de campanhas que estimulem os brasileiros já vacinados com a primeira dose a concluírem a imunização, além de toda a desinformação e irresponsabilidade federal na gestão da pandemia.

Na Europa especialistas apontam que a conjugação entre medidas de distanciamento social precoces e rígidas aliadas ao contexto mais recente a ampla vacinação, explica o retorno da vida ao normal. O mesmo vale para os Estados Unidos, que pretende vacinar toda a população até do dia 4 de julho, dia da independência do país. Para não dizer que são referências apenas de países ricos, tomemos com exemplo o Vietnã. Esse pequeno país do Sudeste Asiático, com um PIB de um pouco mais que 261 bilhões de dólares, conseguiu vacinar apenas 0,05% da população. Contudo, com uma população de 98 milhões de pessoas, em junho de 2021 o país tinha registrado 11.000 casos e 59 mortes pela doença de acordo com o site “Worldometers”. Na falta de recursos financeiros, o país asiático apostou em um sofisticado sistema de monitoramento da rede de contatos das pessoas contaminadas o que tem se mostrado um paliativo na falta de vacinas, mas com bons resultados.

No Brasil nos resta diante dos fatos aguardar que o ritmo da vacinação seja ampliado como o prometido pelo Ministério da Saúde e governadores. O problema é que a cada dia que passa o legado negativo para a educação só aumenta, penalizando principalmente os mais pobres, cenário que perpetua a desigualdade social crônica no Brasil e que lança milhões de jovens brasileiros em um futuro incerto. Atribuir a culpa a pandemia parece uma saída fácil e cômoda, mas tão previsível quanto a falta de compromisso com a história de desigualdades brasileira.

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