EducaçãoLéo Miranda. Do \“Mundo Geográfico\” - YouTube Marcelo Batista. Do \“Aprendi com o Papai\” - YouTube

O legado da ciência

Publicado em 02/06/2022 às 06:00.

Há exatos trezentos e sessenta e sete dias atrás eu recebi a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Era uma terça-feira e eu me programei para chegar cedo ao posto de saúde: 06h horas da manhã e eu já era o primeiro da fila. Nunca vou esquecer a sensação, um misto emoção, euforia e esperança diante de um cenário naquele momento tão difícil. Ironicamente, passado um ano desse dia tão emblemático, testei positivo para a doença depois de passar por um autoteste (que por sinal não estava disponível um ano atrás) e um exame PCR, considerado mais preciso no diagnóstico. Os sintomas se manifestaram de maneira leve: dores no corpo (algo muito parecido com a Dengue), dor de cabeça e garganta inflamada. Apesar de leves, por estar sintomático e com risco de transmissão para outras pessoas próximas, me afastei das salas de aulas durante cinco dias e fiquei isolado em um cômodo da minha casa cuidando bastante da hidratação.

Assim que confirmado que eu realmente havia contraído Covid, fiquei pensando como seria se assim o fosse há um ano, como estaria o meu estado de saúde e qual seria o risco real de uma hospitalização. Não há dúvidas que possivelmente o cenário seria outro do que sintomas que mais lembram uma gripe forte. Se não fosse pela imunização correta e periódica, não só a minha saúde, mas as daqueles que me cercam também estaria em risco. Indiscutivelmente a resposta da ciência à emergência sanitária foi extremamente rápida e eficaz em relação às demandas do enfrentamento da pandemia. E isso pode ser comprovado pela queda acelerada do número de hospitalizações e mortes pela ampliação da cobertura vacinal. Mesmo assim ainda persistem discursos e narrativas que colocam em xeque a eficácia dos imunizantes e principalmente da ciência. Em sua maioria, falas que demonstram o desconhecimento do método científico, ou mesmo da própria biologia. E não precisamos ir muito longe temporalmente, basta lembrar da defesa de um medicamento que combate os efeitos da Malária, cujo vetor é um protozoário, para a atual Sars Cov-2, transmitida por um vírus.

E contra o mal maior, o da desinformação, não há outro tratamento a não ser a educação. É na sala de aula que a ciência descortina as inverdades que se multiplicam no dia a dia das redes e do cotidiano. Ao mesmo tempo, é na escola que o ódio e a insensibilidade gerados pela defesa de ideias anticientíficas são combatidos. Mais do que espaço do conhecimento, a escola é espaço de socialização e de sensibilização, o que esteve em falta nos últimos dois anos. É na escola que a alteridade, o respeito às diferenças, os valores de cidadania são construídos para que a consciência coletiva faça a diferença em situações como a que vivemos de fevereiro de 2021 para cá.

A defesa da ciência é também a defesa da educação e vice e versa. Talvez esse seja o maior legado da pandemia de Covid-19 no mundo e no Brasil. Resta saber se ele realmente fará a diferença de agora em diante.

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