A última pesquisa do DataFolha parece ter dado um susto no grupo de sustentação política do presidente Bolsonaro, colocando o ex-presidente Lula 21 pontos à frente do segundo colocado, ninguém menos do que o presidente da República. Para o QG da reeleição, a culpa seria do ministro Paulo Guedes, a quem já pressionam para dar uma espécie de “cavalo de pau” para aliviar principalmente os combustíveis.
Mas o problema do presidente não se resume a esse tópico apenas. Tanto que na manhã dessa quarta-feira, Bolsonaro se reuniu com as bancadas femininas da Câmara e do Senado para tentar diminuir a rejeição do presidente junto a esse segmento em que ele está abaixo dos números que o diferem de Lula, ou seja, seis em cada dez mulheres que ganham até dois salários-mínimos rejeitam votar no presidente, enquanto uma de cada de quatro mulheres não votariam em Lula. Pior: a intenção de votos em Bolsonaro nessa faixa é de 24 por cento em um eventual segundo turno, enquanto o ex-presidente Lula tem 67 por cento de intenção de votos nesse público.
A coisa está chegando a um ponto que Bolsonaro já pensa em usar a imagem de sua mulher, Michele Bolsonaro, como forma de reduzir a rejeição. Na semana passada, Michele se filiou ao partido do marido, o PL, como tentativa de evitar a rejeição das mulheres tidas como mais conservadoras.
Na verdade, a avalanche de pesquisas dos últimos dias deixou atônitos não apenas os que fazem isso por ofício, como os próprios analistas. Os resultados dessas pesquisas trazem uma certa discrepância de tal forma que os eleitores, mesmo os que acompanham os números de perto, ficam em dúvida sobre a eficácia das pesquisas a diante do volume de informações. E aí começa aquela choradeira: se os números são favoráveis a um candidato, as pesquisas estão certas. Se são desfavoráveis, estão erradas. Mas quem acompanha esse sobe e desce sabe que sempre foi assim. E na medida que as eleições se aproximam os institutos vão ajustando seus números, ainda que de vez em quando alguns erram mesmo.
No DataFolha, por exemplo, a diferença entre Lula e Bolsonaro é de 21 por cento. No BTG/FSB, a distância cai para 14 pontos percentuais. Na XP/Ipespe são 11 pontos e no Paraná Pesquisas a diferença é ainda menor: 4,8 pontos percentuais. É evidente que há metodologias diferentes, desde o plano amostral, até o tipo de coleta. Alguns usam a pesquisa cara a cara, outros usam o telefone. Mas numa coisa ninguém tem dúvidas: a pesquisa é um retrato do momento e depende das circunstâncias em que o eleitor emite a sua opinião ou até mesmo de acordo com as notícias do dia, sobretudo quando a inflação começa a mexer no bolso do cidadão, daí porque o QG da reeleição começa a cobrar do ministro Paulo Guedes para que dê um “cavalo de pau” na inflação, sobretudo depois que ele trocou o ministro das Minas e Energia e indicou o presidente da Petrobrás.