Blog do LindenbergCarlos Lindenberg, jornalista, ex-comentarista da BandMinas e Rádio Itatiaia, e da Revista Exclusive. Autor do livro Quase História e co-autor do perfil do ex-governador Hélio Garcia.

Campanha é marcada pela violência em várias partes do país. Só não vê quem não quer

Publicado em 27/09/2022 às 06:00.

Só não vê quem não quer. Mas cresce perigosamente a onda de violência durante a campanha eleitoral em curso. No domingo à noite, pela terceira vez, o deputado federal pelo PT Paulo Guedes foi vítima de um atentado quando estava no alto de um carro de som. Nesse caso de domingo, era um soldado à paisana da Polícia Militar – daí como se vê que a PM está infiltrada por bolsonaristas tresloucados quando não fanáticos – em companhia de duas outras pessoas. Todos foram presos pelo próprio parlamentar.

Mas é de estranhar que até a meia-noite de domingo essa confusão com Paulo Guedes não tenha sido concluída, se bem que o soldado foi identificado posteriormente como D.S.J. Para o deputado, que está na sua oitava eleição, tudo começou quando um Voyage apareceu e deu três tiros em direção ao carro em que estava Paulo Guedes. O carro foi seguido e o próprio deputado deu voz de prisão ao soldado da PM e a seus acompanhantes. 

Esse é o terceiro atentado sofrido por Paulo Guedes. Na sexta-feira, um policial afastado deu tiros para o alto ao se aproximar da equipe do deputado que panfletava num bairro da cidade. Ainda ontem à noite, o deputado desafiou o governador Romeu Zema para que se pronunciasse. Zema silente estava, silente ficou. O comando da PMMG também. O que se estranha é que se trata de um deputado federal, no gozo de suas prerrogativas, com as quais, aliás, prendeu os agressores.

O problema se agrava quando se vê que a violência vem se espalhando pelos quatro cantos do país com a absoluta ausência do ministro da Justiça. No Rio de Janeiro, o vereador e candidato a deputado estadual Chico Alencar recebeu ameaças de morte de um outro tresloucado. Aliás, vários casos de violência têm sido registrados ao longo dessa campanha eleitoral. 

Há poucos dias uma janela de um prédio em Recife que tinha uma bandeira do PT foi alvejada por tiros. Na terça-feira da semana passada, um pesquisador do Instituto DataFolha foi agredido a socos e pontapés por um bolsonarista em Ariranha, no interior de São Paulo. E no começo do mês, um eleitor do ex-presidente Lula foi morto por um bolsonarista após uma discussão política em Condessa, na zona rural de Mato Grosso. Em julho, o guarda municipal Marcelo Arruda, apoiador do PT e de Lula, foi morto pelo bolsonarista Jorge José Guaranho quando celebrava o aniversário de 51 anos ao lado da família e amigos, em Foz do Iguaçu, Paraná.

Voto útil
Por fim, ontem, o candidato do PDT, Ciro Gomes, reafirmou sua candidatura e atribuiu a Bolsonaro e ao ex-presidente Lula manobras em favor do voto útil. Ciro não tem nenhuma chance de vencer essa disputa, marcando no máximo sete ou oito pontos e ficando em terceiro lugar, em empate técnico com a candidata do MDB, senadora Simone Tebet.

O que se observa é o crescimento da violência política por todos os cantos. O ex-presidente Lula até pediu ao Tribunal Superior Eleitoral que mantivesse uma espécie de plantão para registro de ocorrências desse tipo, mas a Corte ainda não se pronunciou e dificilmente o fará nesse prazo de uma semana que falta para o primeiro turno das eleições. 

Enquanto isso, cresce por todos os lados uma espécie de pressão da sociedade civil, sobretudo entre os artistas e formadores de opinião, para que a campanha se encerre no dia 2 de outubro – até pelo medo da violência que assusta o país, pouco acostumado a uma campanha marcada por tamanha virulência.

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