Blog do LindenbergCarlos Lindenberg, jornalista, ex-comentarista da BandMinas e Rádio Itatiaia, e da Revista Exclusive. Autor do livro Quase História e co-autor do perfil do ex-governador Hélio Garcia.

Lula e Alckmin são diplomados e, em Belo Horizonte, Nely Aquino derrota Fuad Noman

Publicado em 13/12/2022 às 06:00.

Dois fatos, pelo menos, marcaram o dia de ontem. Primeiro, inegavelmente, a diplomação do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e seu vice, Geraldo Alckmin, agora filiado ao PSB, depois de anos no PSDB. Não é vergonha para ninguém, mas Lula não suportou a emoção ao citar que chega ao poder pela terceira vez sem ter sequer um diploma universitário, e chorou. Não, não teve voz embargada não. Chorou mesmo. E ainda disse, ao longo do discurso, que o povo reconquistou a democracia. Não sem lembrar que ficou preso durante 580 dias em Curitiba.

A diplomação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é a etapa que confirma o processo eleitoral e habilita Lula e seu vice a tomarem posse no dia 1º de janeiro. O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, foi recebido de pé pela assistência que lotava o Tribunal, e acabou fazendo também um discurso duro ao afirmar que os atos antidemocráticos serão punidos severamente, dando a entender que que já tem os dados de quem financia tais movimentações que não deixam de perturbar os quartéis. 

Aliás, na ida a Brasília, uma passageira reconheceu o ministro Roberto Barroso e o hostilizou – sendo devidamente filmada pelo ministro do Supremo que certamente levará o caso adiante.

Mas, no seu discurso, saudado pelo seu tempo de prisão, com a plateia gritando “boa tarde, presidente”, que era como a população o saudava quando esteve preso em Curitiba, Lula disse, às vezes com a voz embargada, que “é com o compromisso de construir um verdadeiro estado democrático, garantir a normalidade institucional e lutar contra injustiças que recebo pela terceira vez o diploma de presidente eleito do Brasil. Em nome da liberdade, da dignidade e da felicidade do povo”, concluiu.

De sua parte, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, disse que a diplomação dos eleitos “é uma vitória do estado de direito, da fiel observância à Constituição. A diplomação da chapa é o reconhecimento da lisura do pleito, da legitimidade política conferida soberanamente. A Justiça Eleitoral se preparou para garantir a transparência e lisura das eleições”. 

O presidente do TSE ainda criticou a disseminação das fake news, o discurso do ódio e ataques à democracia. E garantiu que os transgressores serão punidos para que isso não volte a acontecer.

Câmara de BH
Em Belo Horizonte, outro fato chamou a atenção do mundo político. A chapa inspirada pela vereadora Nely Aquino, com Gabriel Azevedo, derrotou a chapa apoiada pelo prefeito Fuad Noman, que lançou o candidato do Avante, professor Dulim, correligionário do deputado Tibé. A diferença foi por apenas um voto.

De qualquer forma, com Nely vitoriosa em Belo Horizonte, as vistas agora se voltam inteiramente para Brasília, onde o presidente eleito e diplomado precisa ver aprovada a sua PEC, que soma mais de R$ 185 bilhões. É por meio dela que Lula poderá honrar o pagamento do Bolsa Família e ainda custear os estudos de crianças com até 6 anos de idade, aumentando a renda familiar.

O detalhe é que a possível futura ministra da Coordenação Social, Simone Tebet, não compareceu à posse de Lula e Alckmin. Sinal de que as relações internas não estão indo bem, até porque Simone foi figura destacada na corrida presidencial e já era tida como futura ministra de uma pasta social. 

O que se fala em Brasília é que o PT estaria enciumado com a escolha de Simone com receio de que a possível ministra cresça e se torne uma adversária do PT na próxima eleição. Por fim, é de estranhar que os bolsonaristas se mantivessem quietos, ou menos beligerantes, quando prometiam tumultuar a diplomação de Lula. Tem algo no ar, além dos aviões de carreira.

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por