Blog do LindenbergCarlos Lindenberg, jornalista, ex-comentarista da BandMinas e Rádio Itatiaia, e da Revista Exclusive. Autor do livro Quase História e co-autor do perfil do ex-governador Hélio Garcia.

O reencontro de dois aliados que ajudaram a fundar o PT, mas depois tomaram rumos diferentes

Publicado em 13/09/2022 às 06:00.

Quantos votos tem a ex-senadora, ex-ministra e ex-candidata à Presidência da República, hein? Pois é. Ontem, ela resolveu apoiar o ex-presidente Lula, depois de uma troca de compromissos por conta do meio ambiente. Marina Silva, na verdade, já filiada ao PT, foi ministra do Meio Ambiente na primeira passagem de Lula pela Presidência da República, deixando o partido em 2009 para fundar o Partido Verde e enfrentar a candidata de Lula, Dilma Rousseff.

No domingo, tanto Marina quanto Lula se encontraram e estava mais ou menos previsto para ontem a decisão de o ex-presidente receber o apoio da sua ex-ministra, de forma que o reencontro dessa segunda-feira, independentemente de quantos votos Marina possa ter, marca uma reaproximação dos dois.

Nesse reencontro, Marina Silva justificou o apoio ao ex-presidente Lula apontando a necessidade de união para o combate ao que ela chamou de “semente maléfica do bolsonarismo" que estaria ameaçando a democracia brasileira.

“Compreendo que nesse momento crucial de nossa história, quem reúne as maiores condições para derrotar Bolsonaro e a semente maléfica do bolsonarismo que está se implementando no seio de nossa sociedade, agredindo irmãos brasileiros, ceifando vidas de pessoas por pensarem diferente é a sua candidatura”, disse Marina ao lado de Lula, a quem chamou de ex-presidente e futuro presidente da República.

Lula, de sua parte, disse que o apoio de Marina à sua candidatura vem num momento de violência política e em que “a democracia está fugindo pelos nossos dedos”. E citou o caso de dois petistas que foram assassinados por bolsonaristas, um no Paraná e outro em Mato Grosso, e ainda citou o caso do empresário paulista que negou doar uma marmita para uma eleitora de Lula.

Em contrapartida, Marina Silva disse que a agenda ambiental foi destruída no governo Bolsonaro e que o apoio a Lula também decorre da expectativa de retomada das políticas públicas num eventual governo petista. Na volta, Lula afirmou que a questão ambiental será levada muito a sério em um novo mandato dele e que as propostas de Marina para o setor serão incluídas no programa de governo do PT.

"Coisa como garimpo, não terá. O desmatamento a gente vai bloquear. As nossas fronteiras, a gente vai tomar conta para combater o narcotráfico", disse Lula, pedindo tempo, no entanto, para estruturar essas áreas nominadas pelo petista e acolhidas por Marina Silva.

Posse no STF
E a ministra Rosa Weber tomou posse ontem no Supremo Tribunal Federal (STF). Em 131 anos, Rosa Weber é a terceira mulher a assumir a presidência do tribunal. Antes dela, assumiram a chefia da alta Corte Ellen Gracie, de 2006 a 2008, e Cármen Lúcia, de 2016 a 2018. Desde 1891, 46 homens presidiram o STF, onde apenas 18% dos ministros são do sexo feminino, ou seja, entre 11 ministros há apenas duas mulheres. 

O vice de Rosa Weber será o ministro Roberto Barroso. Todos os presidenciáveis foram convidados para a posse. Mas Bolsonaro e Lula não estiveram presentes, até porque eles, ao que parece, não se sentiram à vontade quando da posse do ministro Alexandre Moraes, na presidência do TSE, quando todos os ex-presidentes da República ficaram frente a frente com o presidente Bolsonaro, incluindo Lula, Dilma e Michel Temer.

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