Blog do LindenbergCarlos Lindenberg, jornalista, ex-comentarista da BandMinas e Rádio Itatiaia, e da Revista Exclusive. Autor do livro Quase História e co-autor do perfil do ex-governador Hélio Garcia.

Zema bem que poderia ter ouvido a entrevista de Kalil

Publicado em 12/05/2022 às 06:30.

O governador Romeu Zema deveria ter ouvido a entrevista do ex-prefeito Alexandre Kalil no UOL, na manhã de ontem. Kalil praticamente desmistificou o que, para o governador de Minas, está sendo um primor de administração.

Aliás, é de estranhar que Zema não tenha aceito o convite para fazer a sua entrevista, o que ensejou a Kalil a afirmação de que, na verdade, o governador mineiro gosta mesmo é de “entrevistas chapa-brancas”, em que só ele fala, sem direito a perguntas ou questionamentos.

Kalil fez duras críticas ao governador e ao presidente Jair Bolsonaro, dizendo que os dois sabotaram Minas Gerais, não deixando, aliás, nenhuma pergunta sem resposta, o que poderia até sugerir a Zema uma nota de esclarecimento ou quem sabe uma entrevista coletiva, diante de tantas críticas feitas pelo ex-prefeito, que, claro, está em campanha eleitoral.

Ele disse, por exemplo, entre tantas coisas, que Minas é um estado mineral e que grande parte da riqueza do Estado vem da exploração do minério, mas não se pode deixar as mineradoras soltas, a seu bel prazer, até porque elas faturam muito e deixam pouco para o Estado. Assim, ele promete, por exemplo, resolver esse impasse da Serra do Curral, hoje já no Poder Judiciário, não tendo entrado no mérito sobre essa questão, alegando apenas que é preciso que o Estado controle as mineradoras – o que promete fazer se for eleito.

“Quem entende de Bolsonaro é Romeu Zema, que se pronunciou a favor da cloroquina (remédio ineficaz contra a Covid-19), que acha que cesta básica é crime e que as pessoas têm que morrer de fome mesmo”, disse Kalil, para entrar no que de fato interessa: o desencontro dele com o ex-presidente Lula, que veio a Minas e voltou de mãos abanando, sem um contato pelo menos, no que foi considerado pelo meio político uma desfeita.

Kalil explicou que não foi contactado pelo ex-presidente, mas que tem uma visão humanista, assim como Lula, a quem chamou de “grande líder”, e repetiu que votará em Lula na próxima eleição, reafirmando que o ele, Kalil, quer é uma aliança formal com o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, algo que possa ter o assentimento de Gilberto Kassab, presidente do PSD, do presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, problema que hoje estaria preso à indicação do senador Alexandre Silveira à reeleição e a uma possível nomeação dele, Alexandre, como líder do governo Bolsonaro no Senado. “O que combinamos foi simples: eu apoio o senador Alexandre e o senador Alexandre apoia o governador Kalil”.

Segundo o pré-candidato ao governo do Estado, “Lula está conversando com o partido dele e eu com o meu. Não podemos desprezar nem o PSD nem o PT. Aliás, considero que o ex-presidente Lula está mais perto do que penso do que o atual presidente da República”, disse Kalil, sem deixar de elogiar, como amigo, o também presidenciável Ciro Gomes - mas, da mesma forma, Kalil foi enfático ao dizer que não há a menor possibilidade de vir a apoiar o presidente Bolsonaro nas próximas eleições.

E isso não é pouco, sobretudo num jogo complicado como o que se está jogando nessas eleições em que se diz, por exemplo, que não se vai escolher apenas um novo presidente da República, mas um novo sistema de viver.

Os próximos a serem entrevistados pelo UOL serão o ex-deputado Miguel Corrêa (que saiu do PT e foi para o PDT), Marcus Pestana, do PSDB, e Carlos Viana, do PL, apresentado como o candidato do presidente Bolsonaro.

A pesquisa da Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira aponta Lula com 46% e Bolsonaro com 29%. Com 46% das intenções de voto, Lula tem mais votos do que a soma (44%) dos demais candidatos, o que indicaria, estatisticamente, possibilidade de vitória do ex-presidente no primeiro turno, considerando, no entanto, a margem de erro da pesquisa, dois para mais e dois para menos, o que levaria a disputa para o segundo turno.

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