Gestor de Futebol pela CBF Academy e pela Universidade do Futebol, pós-graduado em Direito Desportivo e Negócios no Esporte.

Os opostos no desenvolvimento do esporte

30/08/2022 às 11:12.
Atualizado em 30/08/2022 às 12:24

A NBA (Liga Norte-Americana de Basquete) anunciou para novembro a inauguração de um parque de diversões esportivo no Brasil. A atração será em Gramado, na Serra Gaúcha, com diversas opções de entretenimento e interação com o público, em um espaço com capacidade para receber até 3 mil visitantes simultaneamente.

Mas, certamente, este projeto não surgiu “do nada”. A NBA, senhoras e senhores, possui um escritório no Brasil desde 2012. Há quase dez anos, o basquete americano vem se inserindo, aos poucos, na cultura e no consumidor brasileiro, buscando ampliar seus horizontes nos negócios e internacionalizando o seu produto. 

Sabemos que desde a década de 40, através da Disney e do personagem Zé Carioca, os americanos são campeões em expandir internacionalmente suas atividades. O que me entristece é saber que somos o país do futebol e temos todas as contingências para melhor explorar isto, mas seguimos fazendo muito pouco ou quase nada.

O futebol brasileiro era para ser um dos mais assistidos do mundo. Por que a CBF não tem escritório em Nova York, Londres, Paris, na China e na África? Fica o questionamento. Já pensou quantas crianças, jovens e pessoas passarão a assistir e consumir o basquete americano com este investimento da NBA? Por quê não podemos fazer o mesmo em outros países?

É triste! Mal conseguimos organizar nossa própria liga, com os dirigentes e clubes brigando entre si e negociando de forma individualizada os direitos de transmissão. Não nos organizamos nem mesmo internamente, o que dificulta muito embalar e preparar um produto para vender mundo afora.

O Brasil, por incrível que pareça, sequer possui um Ministério do Esporte. Não há políticas públicas de esporte e não há projeto de desenvolvimento em curto, médio e longo prazo. A maioria dos projetos colocados pelos governantes são meras perfumarias e insistem em enxergar o esporte somente como oportunidade de saúde, ou seja, de forma recreativa. Claro que esta é também uma função do esporte, mas ele é muito mais do que isto: é uma plataforma de desenvolvimento social e de negócios.

Você deve estar me questionando: “você está usando um case do basquete para falar de futebol? Por que o Estado deveria se preocupar com este desenvolvimento?”

Primeiro, precisamos lembrar que o futebol é o esporte mais popular no Brasil, assim como o basquete é nos EUA. Segundo, o Estado deve sim se preocupar com o desenvolvimento econômico do esporte, criando contingências para isso, em constante parceria com o mercado e o investimento privado.

O futebol hoje, para se ter uma ideia, gera 370 mil empregos por ano, segundo a Fundação Getúlio Vargas. Entretanto, se fosse melhor gerido, o mesmo estudo afirma que este número poderia ultrapassar a marca dos 3 milhões de empregos. 

Reflita: em um país com 10 milhões de desempregados, será mesmo que devemos nos dar ao luxo de desprezar os 2 milhões e 630 mil empregos que o futebol, melhor gerido, poderia oportunizar? Acho que não! Está mais do que na hora de uma virada de chave. Devemos unir todos os stakeholders para construir um futebol e um esporte melhor, com a consciência de que isto não acontecerá da noite para o dia.

© Copyright 2025Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por