Gestor de Futebol pela CBF Academy e pela Universidade do Futebol, pós-graduado em Direito Desportivo e Negócios no Esporte.

Podemos esperar surpresas táticas na Copa?

Publicado em 08/11/2022 às 06:00.

Ao longo da história das Copas, por várias ocasiões, o mundo foi impactado por inúmeras surpresas e inovações táticas. Desde a década de 30, várias seleções marcaram história, como, por exemplo, o "Wunderteam" da Áustria, comandada pelo lendário treinador Jimmy Hogan. Mais tarde, tivemos a superação do sistema WM pelo WW, passando, posteriormente, ao inesquecível 1-4-4-2 do Brasil, pelo pragmatismo inglês, o catenaccio na Itália, o carrossel holandês de Rinus Michels e o retorno dos três zagueiros, na década de 80, com a chamada “Dinamáquina”. Mas é possível esperar alguma grande surpresa para a Copa do Catar?

Em 2007, Roberto Mancini, treinador italiano, prospectou que as evoluções do futebol para os anos seguintes se dariam no aspecto físico, e não tático. Em grande parte, acertou! A quilometragem dos atletas aumentou, o número de sprints e outras métricas fisiológicas também foram superadas.

A verdade é que, no plano da organização tática, não podemos criar grandes expectativas para novas revoluções que possam assombrar o mundo, tais como as listadas no primeiro parágrafo deste texto. Infelizmente, uma inovação tática jamais acontecerá novamente como surpresa. Isto acontece pela globalização da informação e da transferência de conhecimento, em que qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, pode acompanhar diferentes jogos e preparações das seleções.

Além disso, na medida que as ideias táticas sofrem determinadas transferências, podemos afirmar que os estilos e os padrões nacionais se tornam menos distintos. A tendência é, de certa forma, uma “uniformização” no modo de jogar. Claro que existem diferenças contundentes nos respectivos modelos de jogo, mas nada que se possa comparar às extravagâncias que aconteciam até meados da década de 1990 nas Copas.

Isso não significa que o futebol tenha ficado mais chato ou mais previsível. A aleatoriedade continua e continuará sendo uma característica marcante. Além disso, é possível esperar um aumento da velocidade do jogo devido ao avanço cognitivo dos atletas. Se antes obtivemos avanços físicos, podemos afirmar que teremos agora avanços cognitivos, ou seja, os jogadores terão, cada vez mais, a capacidade de decidir a jogada com maior rapidez.

Podemos aguardar uma Copa onde a estratégia dos treinadores será determinante e que cada milésimo de segundo, na decisão de uma jogada, se tornará, mais do que nunca, primordial para o êxito.

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