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A mandala econômica chinesa girou mais devagar no terceiro trimestre, o People’s Bank of China (PBoC) reportou crescimento de 4,8% no PIB anualizado, abaixo da meta de 5%, embora ligeiramente acima da estimativa de 4,7%. Enquanto isso, as vendas no varejo em setembro recuaram para 3% (ante 3,4% em agosto), e a produção industrial surpreendeu positivamente, com alta de 6,5%, bem acima das expectativas de 5%.
A economia dá sinais de fadiga, mas não de colapso. O banco central da China (PBoC) manteve as taxas de juros inalteradas (3% para 1 ano e 3,5% para 5 anos) pelo quinto mês consecutivo. Conclusão, a China pode estar mais lenta, mas não fora de compasso.
Depois de anunciar tarifas de 100% sobre produtos chineses, Donald Trump voltou atrás. Admitiu que a medida “não era sustentável” e sinalizou disposição para negociar com Xi Jinping ainda neste mês, durante a cúpula da APEC, na Coreia do Sul. Bastou isso para os mercados respirarem aliviados e trazerem boas expectativas para a semana. O gesto, contudo, não é pura gentileza, o presidente americano quer contrapartidas em relação à soja e ao fentanil.
O Oriente Médio voltou a registrar ataques após a violação do cessar-fogo pelo Hamas. Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, reagiu com firmeza, mas evitou ampliar o conflito. O Egito tenta mediar, e os Estados Unidos enviaram o vice-presidente JD Vance para reforçar o diálogo. Na Europa, a guerra da Ucrânia segue presa em impasses. Putin exigiu o controle de Donetsk como condição para encerrar o conflito, enquanto Trump tenta convencer Zelensky a aceitar um acordo que dificilmente agradaria a Ucrânia. A sensação é de um xadrez geopolítico sem fim, em que cada jogada abre uma nova incerteza.
Nesta semana, o presidente Lula embarca para a Indonésia e a Malásia, onde deve se reunir com Trump durante a cúpula da ASEAN. O governo brasileiro aposta na reaproximação com Washington, mas sem romper os laços com Pequim. O Planalto tenta convencer os Estados Unidos a investirem no processamento nacional de minerais críticos, enquanto os americanos buscam acesso mais direto às reservas brasileiras.
Na pauta também estão o etanol, o açúcar e o ainda incômodo tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros.
A sexta-feira, 24 de outubro, promete ser o dia mais movimentado. Nos Estados Unidos, sai o CPI de setembro, mesmo com o governo ainda parcialmente paralisado pelo shutdown. No Brasil, serão divulgados o IPCA-15 e os números do setor externo. Os balanços também batem à porta. Por aqui, WEG e Usiminas abrem os resultados do terceiro trimestre. Lá fora, é a vez de Netflix, Tesla e Intel.
A projeção para os mercados é de uma semana tranquila. Mas, como costuma acontecer, basta uma frase mal colocada ou uma tarifa mal calculada para a calmaria dar lugar a mais uma rodada de tensão e volatilidade aos mercados.