Rafa AnthonyTrader de dólar há 10 anos, professor e especialista em Market Profile, uma poderosa ferramenta de análise do mercado

Dos EUA a Brasília: como decisões lá e cá afetam nossa vida

30/05/2025 às 18:47.
Atualizado em 30/05/2025 às 18:49

(Marcello Casal Jr./ Agência Brasil)

(Marcello Casal Jr./ Agência Brasil)

A semana foi intensa tanto lá fora quanto por aqui. Do outro lado do hemisfério, decisões tarifárias dos Estados Unidos causaram rebuliço no mercado financeiro. Já no Brasil, o IOF virou protagonista, e o novo capítulo é focado na relação entre o Governo e o Congresso. Com tantos assuntos quentes, reuni os principais destaques que movimentaram a economia e a política nos últimos dias, com uma pitada de leveza, para entender tudo sem dor de cabeça.

EUA e as tarifas de Trump

Na última quarta-feira, um tribunal americano decidiu frear um movimento ousado do presidente Trump. A corte bloqueou a maior parte das tarifas comerciais impostas com base em uma lei de “poderes emergenciais”.

O tribunal considerou que esse tipo de decisão extrapolou a autoridade presidencial, aumentando as incertezas no comércio internacional.

Entre as tarifas suspensas, estão aquelas aplicadas a produtos chineses, além de medidas que envolvem alumínio, aço e até ações relacionadas ao combate ao fentanil. Algumas tarifas ainda permanecem em vigor, mas o caso pode chegar à Suprema Corte e a novela está longe do fim.

Enquanto o governo recorre, empresas americanas também se mexem. Duas fabricantes de brinquedos em Illinois, por exemplo, conseguiram liminares específicas alegando que as tarifas poderiam comprometer suas operações, elevando os preços em até 70%.

Essa tensão traz grande volatilidade ao dólar. E o impacto do dólar alto no Brasil é direto: produtos que dependem de importação ou de insumos estrangeiros ficam mais caros, pressionando o bolso do consumidor e afetando o poder de compra, especialmente no caso de itens essenciais. 

Enquanto a moeda não se estabiliza, o reflexo aparece no dia a dia, do pãozinho ao transporte público.

IOF virou um impasse político: Governo busca apoio, Congresso cobra soluções

No Brasil, o IOF se tornou o centro de um embate entre o Executivo e o Congresso. Um decreto que aumenta o imposto provocou forte reação entre parlamentares. O presidente da Câmara, Hugo Motta, ameaçou derrubar a medida caso não seja apresentado, em até dez dias, um plano alternativo, duradouro e sem “gambiarras tributárias” voltadas apenas à arrecadação.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem defendido o decreto como necessário para manter o funcionamento da máquina pública, embora reconheça as dificuldades. Em eventos no Paraná e em Santa Catarina, ele desabafou sobre as críticas recebidas e afirmou que “nem sempre os Poderes estão se entendendo”.

Em meio à tensão, o ministro Paulo Teixeira e o advogado-geral da União, Jorge Messias, manifestaram apoio a Haddad. Já a ministra Gleisi Hoffmann (PT) preferiu manter distância e admitiu que a medida não foi suficientemente debatida, nem mesmo dentro do próprio governo. Esta possível resistência expõe também fissuras internas, deixando em aberto quem arcará com os custos políticos dessa decisão.

Enquanto houver diálogo há esperança

O cenário político-econômico atual mostra que os desafios de equilibrar poder, economia e governança estão longe de uma solução fácil. Mas seguimos na torcida para que, independentemente das decisões tomadas, a conta não acabe recaindo, como sempre, sobre os ombros da população.

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