O Dia da Independência deste ano trouxe mais do que desfiles, veio acompanhado de um discurso de Tarcísio de Freitas em tom elevado contra o Supremo. O governador paulista classificou Alexandre de Moraes como “tirano” e defendeu anistia aos condenados de 8 de janeiro, além de cobrar a liberação da candidatura de Jair Bolsonaro. A fala, mais política do que cívica, foi vista como sinal de que Tarcísio pode
estar testando sua projeção política em nível nacional, para além das fronteiras de São Paulo.
O recado não passou em branco. O Ministro do STF, Gilmar Mendes respondeu publicamente que não existe “ditadura de toga” no Brasil e que o risco real é a repetição de aventuras golpistas. Parlamentares do PT também criticaram o discurso, apontando que a democracia não pode ser reduzida a slogans de palanque. Nesse embate de narrativas, o episódio transformou o feriado em mais um capítulo da tensão
constante entre Executivo, Judiciário e Legislativo.
Na terça-feira, dia 9, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal retoma o julgamento que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e integrantes do núcleo principal da ação. Iniciando com o voto do ministro Alexandre de Moraes, relator, e demais ministros até sexta-feira, dia 12.
Do outro lado do Atlântico, Donald Trump voltou a mirar no Brasil. Em entrevista, reafirmou a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros e classificou como “lamentáveis” as atitudes do país. O discurso teve aquele tom de bronca diplomática: “Ficamos chateados com o Brasil. Colocamos uma tarifa alta para eles, porque eles têm feito uma coisa lamentável. Eu amo o povo brasileiro, mas o governo de lá mudou
radicalmente, foi muito para a extrema esquerda. Eles estão indo muito mal.” A fala veio durante questionamentos sobre restrições de vistos para delegações na Assembleia Geral da ONU, deixando no ar a possibilidade de que diplomatas brasileiros também enfrentem novos obstáculos.
Lula não deixou barato e rebateu com críticas diretas. Sugeriu que o Brasil busque outros parceiros comerciais, apontando a China como exemplo de eficiência, especialmente no setor de carros elétricos. A fala reforçou a estratégia de diversificação de alianças e, ao mesmo tempo, mostrou a disposição do governo em endurecer o discurso. O presidente também voltou a defender a regulação das redes
sociais, prometendo que a proposta chegará ao Congresso “doa a quem doer”, em sinal de que a disputa política interna segue tão intensa quanto a externa.
O mercado observa cada palavra com a lupa de quem calcula riscos e oportunidades a todo momento. A retórica elevada de Tarcísio reforça, para alguns analistas, a ideia de que ele quer se firmar como alternativa real ao Planalto. Investidores tendem a se inquietar quando a política sugere mudanças de rota, e a possibilidade das condenações judiciais embaralha a estratégia da direita rumo à disputa presidencial. Nesta semana, o palco será dividido, de um lado, o STF, do outro, a B3, com direito até a plateia internacional, já que o julgamento parece ser seguido de perto pelo presidente Donald Trump.