(Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
Depois de cada reunião, o Copom (o comitê do Banco Central que decide a taxa básica de juros, a Selic) solta uma ata explicando porque tomou determinada decisão. Esse documento é como uma prestação de contas, mostra o que os técnicos enxergam na economia, quais riscos estão no radar e por que mantiveram os juros em 15%.
O ambiente internacional segue instável. As políticas fiscal e comercial dos Estados Unidos continuam trazendo incertezas, com tarifas adicionais que afetam os mercados globais. Quando eles mudam regras, investidores do mundo todo reagem, e isso afeta diretamente o Brasil. Por isso, o Copom fica em alerta, qualquer movimento lá fora pode mexer no dólar, na inflação e até no preço de produtos por aqui.
No Brasil, a atividade econômica está mais lenta. O crédito está caro e difícil, os bancos emprestam menos, os juros subiram e as famílias estão gastando mais da renda só para pagar dívidas. Em compensação, o mercado de trabalho segue forte, mais gente empregada e salários com ganho real, o que mantém o consumo em pé. Ou seja, alguns setores estão crescendo devagar, mas outros ainda mostram vigo
Mesmo com alguns sinais de melhora, a inflação continua acima do que o Banco Central gostaria. Produtos industrializados e alimentos ficaram mais comportados, mas os serviços, como saúde, educação e lazer seguem aumentando preço, puxados pelo mercado de trabalho aquecido. Além disso, as expectativas de inflação para os próximos anos continuam altas, o que reforça a necessidade de manter os juros elevados.
O Copom também deixou um recado sobre a importância da responsabilidade fiscal. Se o governo gastar mais do que deve ou aumentar dívidas sem clareza, isso atrapalha o controle da inflação. Para o Banco Central, é essencial que política fiscal (as contas públicas) e política monetária (os juros) caminhem juntas, senão o custo para controlar preços fica maior.
Diante de tudo isso, o Copom resolveu manter a Selic em 15% ao ano. A ideia é esperar e observar se os efeitos da alta de juros já feita até agora serão suficientes para segurar a inflação. O recado é de cautela, não é hora de cortar, mas também não há necessidade de subir ainda mais.
Para quem investe, a decisão passa a mensagem de que o Banco Central continua firme no compromisso de controlar a inflação, mesmo que isso deixe a economia um pouco mais devagar no curto prazo. Isso ajuda a manter o Brasil como destino atrativo para capitais estrangeiros, porque os juros estão muito mais altos do que nos outros países. No exterior, a postura do Copom é vista como sinal de seriedade e previsibilidade, reforçando que, ao menos no campo da política monetária, o país segue fazendo sua lição de casa, o que justifica também o bom comportamento do dólar e da bolsa nas últimas semanas.