A reunião dos BRICS, iniciada neste domingo (06/07), no Rio, teve tom de desabafo coletivo. Em um comunicado enxuto, porém direto, o grupo deixou claro: passou da hora de revisar a velha cartilha que decide quem manda no FMI e no Banco Mundial. O chamado “acordo de cavalheiros” entre EUA e Europa, que há décadas garante a eles os postos de comando, virou alvo.
Também sobrou para Trump, com críticas ao tarifaço que ele insiste em vender como genial. A retórica é velha, defender o comércio justo. Mas o efeito colateral tem sido distorcer o tabuleiro internacional. O bloco, aliás, reforçou apoio à taxação dos super
ricos e pediu mais empenho financeiro das economias esenvolvidas na luta climática, esse eterno jogo de empurra que nunca avança.
Representando o país-sede, Fernando Haddad reforçou a defesa do multilateralismo e do crescimento sustentável. Enfatizou que “nenhum país, por mais poderoso que seja, consegue sozinho resolver o aquecimento global”.
Haddad ainda fez questão de dizer que o Brasil quer ser visto como um porto seguro. Uma tentativa de se posicionar como opção confiável num mundo volátil. Pode até funcionar, desde que Brasília consiga alinhar discurso e prática.
No cenário doméstico, o debate sobre o IOF ganhou um novo capítulo com a decisão do ministro Alexandre de Moraes de suspender os efeitos dos decretos que elevariam a cobrança do imposto. A medida criou uma pausa na tensão entre os Poderes e abriu espaço para uma audiência de conciliação no STF, marcada para o dia 15.
Lideranças como Alckmin e Hugo Motta elogiaram a postura do ministro. Ainda que existam posições diferentes sobre o mérito da decisão, houve reconhecimento do gesto como um avanço no diálogo institucional, algo cada vez mais necessário no
ambiente político atual.
Nos Estados Unidos, o prazo para selar acordos comerciais com diversos países vence nesta quarta-feira. Mas a possibilidade de extensão já está na mesa. Segundo o secretário do Tesouro, Scott Bessent, quem não fechar agora pode ganhar mais três
semanas para negociar, desde que aceite a pressão que virá por correio. Literalmente.
Trump anunciou que começará a enviar cartas a até 15 países nos próximos dias, sinalizando as tarifas que entrarão em vigor já no início de agosto. Até agora, apenas Reino Unido e Vietnã firmaram acordos. A expectativa gira em torno da Índia, enquanto Japão e União Europeia ainda ensaiam avanços. No caso da China, o prazo
vai até 12 de agosto, após o acerto sobre terras raras.
Mesmo com Trump pressionando por juros mais baixos, os dirigentes do Fed devem manter a postura cautelosa. A ata que será divulgada nesta quarta-feira pode até sinalizar uma leve mudança de tom, mas os dados continuam falando mais alto. Com
o payroll (relatório mensal sobre o mercado de trabalho) ainda forte, e o núcleo do PCE (índice que mede a inflação) em alta na semana passada, não há espaço para aventuras.
Por enquanto, o comitê segue preso ao pragmatismo. O início do corte de juros nos EUA continua sendo esperado para a reunião de setembro. Ao final todos tentam se ajustar sem sair dos trilhos. Mas no fundo, todo esse movimento revela o mesmo impasse, ninguém quer ceder.