Rafa AnthonyTrader de dólar há 10 anos, professor e especialista em Market Profile, uma poderosa ferramenta de análise do mercado

O Payroll dita o tom da semana, e deve manter perspectiva de corte de juros nos EUA

Publicado em 29/09/2025 às 08:53.

O grande destaque da semana será o relatório de emprego de setembro nos Estados Unidos. Esse dado pode indicar os próximos passos do Federal Reserve em relação aos juros americanos. Se vier mais fraco, reforça a expectativa de cortes em outubro e dezembro. O mercado já precifica esse movimento, mas segue atento a qualquer sinal contrário. Os números do payroll serão divulgados na sexta-feira, 3 de outubro de 2025, às 9h30 (horário de Brasília).

Aquecimento para o Grande Evento: JOLTS e ADP Antecedem o Payroll
Antes do payroll, outros relatórios ajudam a compor o quadro e dão pistas ao investidor. O JOLTS, que mede a oferta de vagas, sai na terça, e a ADP, que acompanha o emprego no setor privado, sai na quarta. Resultados em linha com a tendência de desaceleração podem ampliar o consenso sobre a necessidade de reduzir juros, com impacto direto sobre o dólar, moedas emergentes e, claro, o Ibovespa.

Como as Falas do Fed Podem Balançar o Mercado
Ao longo da semana, dirigentes do Fed participam de eventos e entrevistas, reforçando a cautela em relação à inflação. Essas falas têm servido para calibrar expectativas, alternando momentos de maior confiança em cortes de juros com sinais de prudência. O tom será acompanhado de perto pelos investidores, mas o cenário de mais dois cortes de juros é o consenso.

O Fator China: Golden Week Pressiona Commodities e o Mercado Brasileiro 
Além do payroll, o exterior reserva outro ponto de atenção. O destaque vem da China, a partir de quarta-feira, o mercado Chines entra em recesso por uma semana inteira com a Golden Week. A pausa costuma reduzir a liquidez global, já que o país é um dos principais motores do comércio internacional e grande consumidor de commodities. Na prática, menos negociações vindas da Ásia podem provocar quedas no volume de transações e aumentar a volatilidade nos preços d e minério de ferro e petróleo. Para o Brasil, isso significa atenção redobrada, empresas como Vale e Petrobras sentem rapidamente o impacto da menor atividade chinesa, o que pode influenciar diretamente o humor do Ibovespa e até do câmbio ao longo da semana.

Agenda Interna Sob Pressão: Votação da Isenção do IR e a Sombra de Trump
No Brasil, a agenda política também promete. A Câmara deve votar na quarta-feira o projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. O debate promete ser intenso, já que ainda há divergências sobre as medidas de compensação. Além disso, segue a expectativa em torno de um possível encontro entre Lula e Donald Trump, que, até aqui, permanece em aberto. Qualquer movimento nessa frente terá peso tanto econômico quanto simbólico, trazendo também um cenário de potencial volatilidade.

Emprego em Foco e o pequeno Alívio na Conta de Luz 
Além da agenda política, os números do mercado de trabalho seguem no centro das atenções. O Caged e a PNAD devem confirmar a resiliência do emprego, reforçando a posição cautelosa do Banco Central em manter a Selic em 15%. Na frente inflacionária, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) anunciou bandeira tarifária vermelha patamar 1 em outubro, essa medida deve aliviar a pressão ao IPCA, já que estamos vindo de uma bandeira tarifária patamar 2.

Conclusão: Uma Semana de Riscos e Oportunidades Bem-Definidos
O pano de fundo é desafiador, mas o Brasil chega bem posicionado para aproveitar as brechas. Se os dados americanos confirmarem a desaceleração e o Congresso entregar avanços, a percepção de estabilidade pode se traduzir em valorização da bolsa e fortalecimento do câmbio, com o dólar finalmente perdendo os R$ 5,30. Para quem acompanha os mercados, será uma semana de atenção redobrada, mas também de confiança em um desfecho positivo.

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