Rafa AnthonyTrader de dólar há 10 anos, professor e especialista em Market Profile, uma poderosa ferramenta de análise do mercado

Semana de Ação de Graças com Fed dividido e Brasil atento aos dados econômicos

Publicado em 24/11/2025 às 08:48.

A sensação ao iniciar esta semana é de um mercado que quer acreditar em notícias positivas, mas que já cansou de promessas que evaporam na segunda leitura. Os Estados Unidos entram no clima do Dia de Ação de Graças e isso naturalmente reduz o ritmo global. Só que, irônico ou não, é justamente antes do feriado que saem os dados que podem definir o tom de dezembro. PIB revisado, PCE e Livro Bege chegam carregados da mesma pergunta que acompanha o ano inteiro, que é até onde vai a teimosia inflacionária e como isso dialoga com a resiliência do mercado de trabalho. 

O Fed Volta aos Holofotes
O debate sobre juros nos Estados Unidos promete ocupar boa parte das atenções e as apostas sobre a atuação do Fed voltaram a mudar de direção. A fala de John Williams do Fed de Nova York abriu espaço para que o mercado voltasse a considerar um corte ainda em dezembro. As probabilidades saltaram depois dele dizer que vê espaço para ajuste, mas outros dirigentes mantêm postura cautelosa. O contraste mostra um Fed dividido, o que deixa o investidor em compasso de espera. Cada declaração pública parece reabrir o debate e a ferramenta que estima a probabilidade de mudanças na taxa de juros do Federal Reserve mostra hoje 75,5% de chance de corte e 24,5% de manutenção.

O Brasil Começa a Semana Testando Sua Capacidade de Organização
Aqui o Banco Central assume o protagonismo. Galípolo tem uma sequência de compromissos que funciona como oportunidade de organizar a comunicação. E isso é necessário. A abertura antecipada no ciclo de corte de juros depende não só dos dados, mas também da forma como o BC transmite intenção e confiança. Esta semana pode marcar um ponto de virada nesse ajuste de discurso. 

A agenda de indicadores é pesada e praticamente obriga o Brasil a mostrar coerência. IPCA-15, IGP-M, Caged, Pnad e dados fiscais chegam em sequência. Se o conjunto vier alinhado, o Copom ganha fôlego para pensar em corte de juros em janeiro. Se vier fraco, o mercado já sabe que o discurso terá de ser mais firme do que flexível.

O dólar que fechou acima dos R$ 5,40 inicia a semana pressionado e há pouco segredo nisso. O ambiente externo ainda manda e o investidor estrangeiro continua escolhendo onde quer correr risco. A retirada das tarifas americanas sobre produtos brasileiros foi positiva, mas não suficiente para mudar a tendência sozinha.

Contas Públicas e Política Formam a Segunda Camada de Atenção
O Senado inicia a semana com pautas de impacto e um humor instável desde a indicação de Jorge Messias para o Supremo. A relação entre Executivo e Legislativo continua cheia de atritos e esse desgaste tem potencial de contaminar a agenda econômica. Não é novidade, mas continua sendo um eixo de incerteza que obriga o mercado a manter atenção redobrada. 

A Bolsa Busca Equilíbrio Depois de Um Rali Forte
O Ibovespa começa uma semana em que o impulso recente pode dar lugar a uma acomodação natural. A queda do petróleo atrapalha as gigantes de commodities e os ajustes técnicos continuam fazendo peso. Nada disso muda a percepção de que o rali das últimas semanas foi forte. Agora o mercado respira e o Indice Ibovespa (IBOV) volta para a casa dos 154 mil pontos. Essas correções costumam ser saudáveis antes de qualquer nova tendência.

Não é uma semana para euforia nem para alarmismo e sim para observar como cada
peça se encaixa em um quadro maior que ainda está longe de concluído.

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