(Reprodução / Instagram Federal Reserve Board)
Nos Estados Unidos, a semana começa com todos os holofotes voltados para os números de emprego. Depois da surpresa de julho, quando a criação de vagas ficou bem abaixo do esperado, o payroll de agosto chega na sexta-feira com potencial para ditar o compasso da política monetária americana.
Se os dados confirmarem a perda de fôlego do mercado de trabalho, o Federal Reserve pode acelerar a queda dos juros e já há quem projete até três cortes ainda este ano, caso o ritmo de desaceleração se mantenha. Até lá, o mercado acompanha de perto relatórios como o Jolts, a pesquisa ADP, os PMIs e até o Livro Bege, sempre em busca de pistas sobre os próximos passos do Fed.
Esses cortes de juros podem atrair investidores estrangeiros para o Brasil, à procura do dinheiro fácil garantido pela nossa alta taxa de juros. Esse fluxo de capital externo pode fazer o dólar arrefecer, possivelmente perdendo os R$ 5,40, e a bolsa reagir de forma positiva como já aconteceu na semana passada.
Agosto foi um mês de ganhos para as bolsas americanas, embaladas pela expectativa de cortes nos juros. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq fecharam o mês em alta, mas o último pregão trouxe pequenas realizações, puxadas por quedas em papéis de peso, como a Nvidia. Mas nada que mude o clima geral, os investidores seguem confiantes de que a política monetária deve afrouxar nos próximos meses.
Enquanto isso, os rendimentos dos Treasuries mostram uma curva curiosa, os títulos mais curtos caem, sinalizando expectativas de juros menores, enquanto os de prazo mais longo começam a subir, um lembrete de que o Fed não pode ser leniente para sempre.
Ainda nos Estados Unidos, a disputa sobre as tarifas impostas por decreto presidencial ganhou novos contornos após a decisão do Tribunal de Apelações que as considerou inconstitucionais. Mas, para não virar caos de um dia para o outro, o tribunal deu um prazo até 14 de outubro para que o governo recorra à Suprema Corte, mantendo as tarifas em vigor até lá.
É como se o juiz tivesse apitado impedimento, mas permitido que a jogada seguisse até o VAR confirmar. O governo já avisou que vai recorrer, e a cena agora se desloca para o palco mais alto da Justiça americana. Enquanto isso, mercados, exportadores e importadores seguem com o fôlego preso, porque o impacto pode chegar a centenas de bilhões de dólares caso as tarifas caiam de vez.
No meio desse embate jurídico, a Suprema Corte pode não apenas decidir sobre as tarifas, mas também redesenhar os limites entre Executivo e Legislativo na política comercial americana, um debate que vai muito além de Washington.
No Brasil, a semana também promete tensão política. A Primeira Turma do STF iniciou o julgamento do ex-presidente Bolsonaro e de outros sete réus por tentativa de golpe de Estado. O processo, que ganhou repercussão internacional, deve se estender por várias sessões e pode gerar novas reações externas, já que o governo Trump tem usado o caso como justificativa para tarifas e sanções, e há inclusive a possibilidade de que mais ministros sejam sancionados em tempo real, à medida que os votos forem dados.
Apesar disso, especialistas avaliam que a pressão externa não deve influenciar o Supremo. Pelo contrário, o julgamento tende a reforçar a imagem de independência da Corte, especialmente diante do impacto político e histórico da ação penal.