Treze dias de shutdown nos Estados Unidos e, ainda assim, os investidores seguem abraçados à tese de que o Fed vai cortar os juros americanos mais duas vezes neste ano, com dois cortes de 25 pontos-base, tanto para a reunião do dia 29 de outubro, quanto para a de 10 de dezembro.
Após vários dados importantes não divulgados, o Bureau of Labor Statistics (BLS), agência federal que coleta e divulga diversos dados sobre a economia e o mercado de trabalho dos EUA, garantiu a divulgação dos dados de inflação de setembro, prevista para o dia 24.
EUA e China reacendem a Guerra Comercial
No fim de semana, as tensões comerciais voltaram a ganhar espaço depois de Donald Trump anunciar tarifas adicionais de 100% sobre produtos chineses a partir de 1º de novembro. A resposta de Pequim foi rápida, pediu diálogo, mas avisou que não recuará. A disputa agora gira em torno das chamadas “terras raras”, minerais essenciais para a indústria tecnológica e dominados quase inteiramente pela China. O recado foi claro, quem controla o insumo dita o ritmo. Trump, por sua vez, tentou reduzir o tom neste domingo, dia 12 de outubro, dizendo que “tudo ficará bem” e que pretende conversar com Xi Jinping. O encontro, previsto para o fim do mês na Coreia do Sul, segue incerto, mas o simples fato de estar na agenda já serve como âncora para o mercado, que prefere acreditar em trégua a encarar nova rodada de tarifas.
Reavivar a guerra tarifária derrubou o humor das bolsas americanas, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq sofreram as piores quedas desde abril. A busca por proteção fez os investidores correrem para os títulos do Tesouro, derrubando as taxas de juros de curto e longo prazo.
A Semana da Economia Real: Serviços, Varejo e a Reação do IBC-Br
No Brasil, a atenção se volta para os números da economia real. Após o bom resultado da produção industrial, a semana trará novos testes de fôlego, o volume de serviços (terça-feira), as vendas no varejo (quarta) e o IBC-Br (quinta) devem mostrar o ritmo da atividade em agosto. Também ganha destaque o Boletim Focus,
especialmente nas projeções de inflação de longo prazo, que pararam de cair.
Após a Derrota do IOF, Haddad Busca por Planos B para o Equilíbrio Fiscal
O governo tenta encontrar alternativas para cobrir o déficit de R$ 46 bilhões aberto com a derrubada da Medida Provisória 1.303, que previa aumento do IOF. As discussões sobre um possível retorno da medida seguem ganhando força. O ministro Fernando Haddad, que cancelou viagem internacional para lidar com o tema, busca uma solução que não dependa apenas de novos tributos, afinal, ninguém aguenta mais. Lula retorna hoje ao Brasil, depois de compromissos na Europa, e deve reunir a equipe econômica nos próximos dias para decidir os próximos passos.
Haddad volta ao Senado nesta terça-feira para apresentar o projeto de isenção do Imposto de Renda já aprovado na Câmara. O relator, Renan Calheiros, estima cerca
de um mês para a tramitação, com possíveis ajustes de redação. Também nesta semana, a Comissão Mista deve votar o parecer sobre a MP do Plano Brasil Soberano, voltada a mitigar os efeitos das tarifas impostas pelos Estados Unidos. E, na quinta-feira, o Congresso analisará a LDO de 2026, etapa essencial para destravar o calendário orçamentário do próximo ano. Dinheiro é a pauta da semana.
Mercados em Alerta: Volatilidade até o Reequilíbrio
Os mercados estão na expectativa de como será a reação ao forte impacto e à movimentação ocorridos no dólar e na bolsa na sexta-feira. Muitos dos grandes participantes foram obrigados a desmontar parte de suas posições. Quando isso acontece, o mercado entra em cautela e ganha volatilidade até começar a mostrar um novo reequilíbrio.