Trump, Powell e o Teatro Monetário

Mercados e dólar sobem após presidente dos EUA aliviar pressão sobre presidente do Fed

Se você acompanha os mercados financeiros, já sabe: basta um tuíte presidencial fora de hora para o dólar surtar, e a bolsa fazer piruetas.

E quando o protagonista é Donald Trump, exímio causador de volatilidade global, é melhor deixar o cafezinho de lado e segurar firme na cadeira. Vamos aos bastidores dos acontecimentos recentes.

Trump Alivia os Mercados com um Tweet

Donald Trump declarou que não tem intenção de demitir Jerome Powell, presidente do Fed. Pronto. 

O mercado, que já tinha encomendado calmantes, respirou aliviado. Bolsas globais subiram, o dólar reagiu com alegria e o ouro, sempre dramático, despencou quase 2,5%, como quem diz “então não vai ter apocalipse hoje?”.

"Não vou falar sobre isso porque não vou demiti-lo"

Essa foi a fala de Trump no Salão Oval. Não que ele esteja satisfeito: Trump continua implicando com Powell por não baixar os juros.

Para ele, cortar juros é tipo apertar botão de elevador: resolve tudo, e rápido. Powell, por outro lado, acha que economia se conduz com cautela, e continua firme como quem já decorou o mantra “vou até 2026, doa a quem doer”.

Trump apelidou Powell

Trump usou o Truth Social para apelidar Powell de "Sr. Tarde Demais". A criatividade para apelidos, por vezes, parece inversamente proporcional à diplomacia.

O problema é que o mercado financeiro leva tudo isso muito a sério. Afinal, o Fed é quem segura a estabilidade da economia. Quando o presidente sugere que vai tirar essa âncora do barco, todo mundo já procura o colete salva-vidas.

Mercados em festa, ouro em crise existencial

Com o “não vou demitir” no ar, o S&P 500 subiu 1,7%, o Nasdaq 1,9%, a Europa pegou carona com +1,3%, e a Ásia voou: +1,7% no Japão e +2,4% em Hong Kong, já o dólar, sempre atento, trabalha no positivo.

Movimento “Freia Trump”

Especialistas acreditam que a mudança de tom de Trump teve dedo de gente mais pragmática no governo. Scott Bessint (Tesouro) provavelmente reconhece que a integridade dos mercados precisa ser mantida, e um ruido desse agora seria como gritar “fogo” em um avião lotado.

Resumindo: dá confusão e não resolve nada.

No pano de fundo: tarifas, tensões

Entre uma ameaça de demissão e outra, Trump também falou em fazer acordo com a China (de novo) e prometeu reduzir tarifas, o que mantem o bom humor do mercado.

Enquanto o presidente for roteirista, diretor e ator principal dessa série, o investidor continua onde sempre esteve: na ponta da cadeira, com o home broker aberto e o coração na mão.