Uma semana de decisões para os mercados

Se você achava que ia tirar o pé essa semana, sinto dizer: prepare o café forte. Nos EUA, a coisa vai esquentar. O payroll de abril, aquele famoso relatório que todo mundo finge entender, sai na sexta, mas até lá é uma avalanche de números.

Amanhã já tem o tal do JOLTS (quem é do mercado sabe que só o nome já assusta) e, na quarta-feira, além da primeira prévia do PIB do primeiro trimestre, teremos também o PCE, o número de inflação que o Fed realmente olha, mesmo que jurem que consideram todos, e, para fechar a quarta com chave de ouro, também sai o ADP,
a "versão beta" do payroll que deixa as expectativas à flor da pele.

Na Europa, a semana também promete: PIB, inflação preliminar e decisões importantes.

Já na Ásia, o Banco do Japão (BoJ) define o que fazer com os juros. De bônus, no dia 1º de maio tem feriado: Alemanha, França,  Argentina também param. E na China, eles fazem melhor, emendam o feriado com o fim de semana e só retornam na segunda.

A popularidade em queda e o impacto nos mercados

Enquanto isso, do lado político, a novela Trump ganhou novos capítulos. Nova pesquisa NYT/Siena mostrou que 54% dos americanos acreditam que o presidente Trump está exagerando, descrevendo os meses iniciais como "caóticos" e
"assustadores" pela maioria dos entrevistados.

Com um índice de aprovação de 42% (e caindo), Trump promete um "boom econômico" e de fato houve um: o S&P 500 caiu uns bons 8% desde que ele reassumiu, registrando a pior sequência nos primeiros 100 dias de governo desde Gerald Ford, em 1974.

Enquanto isso, a volatilidade se espalha feito fogo em palha seca. Mark Malek, da Siebert, resumiu bem à Bloomberg: “A volatilidade foi diferente de tudo que já vivemos no passado”, e olha que quem sobreviveu a 2008 já viu muita coisa.

Brasil: olhos voltados para indicadores e balanços

Por aqui, a semana coemça séria, mas a gente sabe como termina.

Agora pela manhã, às 8h45, o Boletim Focus traz projeções que mudam mais do que previsão de chuva.

Terça-feira é dia de IGP-M e daquele relatório do Banco Central que pouca gente lê inteiro, mas que todo mundo comenta como se tivesse lido.

Na quarta-feira, vem bomba: dívida pública, desemprego do IBGE, contas do Governo Central e o Caged. Spoiler: fevereiro trouxe 432 mil novas vagas de emprego, então a régua está alta.

O mercado de câmbio deve acompanhar de perto os dados de emprego nos EUA, que poderão ser decisivos para a direção do real. Além disso, a semana traz a tradicional volatilidade na formação da PTAX, cuja definição acontece na quarta-feira, devido a
rolagem dos contratos de dólar futuro.

E para quem gosta de balanços corporativos, as atenções na B3 se voltam para os resultados de Gerdau (segunda-feira), Neoenergia, Isa Energia, Marcopolo, Iguatemi, Log ON e Kepler Weber (terça-feira); Weg, Santander e Irani (quarta-feira); e M. Dias
Branco (sexta-feira).

Em resumo: esta semana tem de tudo, menos tédio. Como sempre, o segredo é: olhos atentos, mente aberta, e paciência de monge tibetano. Vamos que vamos.