Rafa AnthonyTrader de dólar há 10 anos, professor e especialista em Market Profile, uma poderosa ferramenta de análise do mercado

Visto negado: Brasil e EUA em clima de Guerra Fria 2.0

21/07/2025 às 18:07.
Atualizado em 21/07/2025 às 18:11

(Reprodução / Facebook / WH)

(Reprodução / Facebook / WH)

Alguém ligou o ventilador e jogou todos os papéis da diplomacia pro alto. O clima entre Brasília e Washington parece mais episódio de série de tribunal do que uma relação internacional madura. Tudo começou com um tarifaço, escalou com uma tornozeleira eletrônica a Bolsonaro e terminou com um desfile de revogação de vistos dignos de reality show, ministros do STF, procurador-geral e suas famílias tiveram o visto para os EUA revogados e estão oficialmente proibidos de entrar nos Estados Unidos.

Como se não bastasse, a Casa Branca mandou um bilhete bem ao estilo “estamos só começando”, enquanto Trump teria dito que as decisões judiciais brasileiras equivalem a uma “declaração de guerra”. 

Faroeste Caboclo: versão Brasília x Washington

No Planalto, a resposta veio em nota: Lula classificou a medida como “arbitrária” e “sem fundamento”. Já no Itamaraty, os bastidores falam em cautela.

O problema é que o desgaste diplomático se aprofunda a cada fala, a cada gesto. Além do embate judicial e das declarações inflamadas de aliados de Bolsonaro, cresce o temor de que o tarifaço anunciado por Trump em 50% seja ampliado para até 100% em algumas categorias de produtos brasileiros.

Economia no meio do fogo cruzado

Analistas já projetam uma semana agitada. Da Faria Lima a Wall Street, há uma percepção crescente de que a crise não deve passar rápido. Pelo contrário, pode ser o começo de uma mudança maior na relação entre os dois países. Mesmo sem depender tanto da economia americana, o Brasil sente os efeitos, o clima piora, investidores tiram dinheiro do país e cresce o medo de tomar riscos.

Há quem acredite que o Brasil tenha munição para reagir. Caso as negociações bilaterais não avancem até 1º de agosto, cogita-se a quebra de patentes de medicamentos americanos como contragolpe, o que provocaria barulho considerável no setor farmacêutico dos EUA. Também estão na mesa medidas como endurecimento na fiscalização de remessas de lucros e revisão das regras para big techs no país.

No fim das contas… o jogo está em aberto

O Brasil tenta empurrar a crise com a barriga, mas já está sentindo azia. Do outro lado, os EUA seguem firmes com sua política externa do tipo “bate primeiro, conversa depois”. No meio do tiroteio, estamos nós, que só queríamos saber se o café vai subir ou se o GPS ainda vai funcionar até o fim da semana.

O mercado, que até então só observava, começou a coçar a cabeça. Analistas do Citi, da TS Lombard e da Capital Economics já falam em “tempestade perfeita” entre os dois países. A turma da Faria Lima, geralmente mais preocupada com a Selic do que com diplomacia internacional, agora monitora cada gesto de Trump, Lula e do “ausente porém presente” Bolsonaro.

Atenção, porque a semana promete. E muito.

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