As barreiras da digitalização em bares e restaurantes

Publicado em 25/10/2024 às 06:00.

Paulo Jelihovschi*

O vórtex digital chega para todos. Negócios de qualquer setor serão engolidos, mais cedo ou mais tarde, pelo redemoinho digital que absorve com cada vez mais velocidade o planeta. Para os que querem se aprofundar nesse tema, a leitura do livro “Vórtex Digital” é recomendada. Bares e restaurantes não fogem a essa regra. Se achávamos que o setor estava protegido desse redemoinho, pois o negócio funciona da mesma forma há séculos, aviso que recentemente o jogo mudou.

Pensem comigo: a jornada de um cliente em bares e restaurantes pouco mudou desde que o mundo é mundo. O cliente descobre o estabelecimento, entra, senta na cadeira, faz seus pedidos, consome, paga e vai embora. Talvez volte, talvez não. E assim o negócio era regido. Redes sociais e plataformas de delivery começaram a mudar esse jogo, no qual o cliente passa a descobrir o restaurante antes de sair a rua, sem ter que sair de casa ou conversar com alguém, e pode até pedir a comida em casa agora, algo que não é necessariamente novo, mas que se exponencializou recentemente. Mas e agora, qual o próximo passo?

Se o cliente vem se tornando cada vez mais digital, utilizando novas ferramentas e criando formas de consumo que vão para além da experiência do mundo físico, bares e restaurante naturalmente deverão seguir tais tendências. Vendas de experiências online, na qual o cliente compra vouchers com antecedência e que dão direito a ele de consumir tal experiência no restaurante, vem se tornando tendência. O digital como forma de venda de algo, como um prato, rodízio ou menu completo, que será consumada de forma física no estabelecimento, vem se mostrando uma excelente forma de gerar vantagens para clientes, que compram antecipadamente a experiência com algum tipo de vantagem, e para o dono do restaurante, que consegue previsibilidade de clientela, receita antecipada e um melhor contato com seu cliente pelo meio online. É uma mudança muito significativa na jornada do cliente em restaurantes, que, como vimos anteriormente, pouco mudou desde que o mundo é mundo.

Mas esse papo não poderia ser finalizado sem falarmos do assunto do momento: a inteligência artificial generativa. Essa nova tecnologia, que vem sendo apontada como a maior disrupção da humanidade em décadas ou séculos, sem dúvidas vai mudar a forma como as pessoas consomem. A disrupção da I.A. está só começando, mas a imaginação pode fluir para o que seria essa nova forma de consumo: restaurantes sem funcionários de atendimento e produção, do garçom ao cozinheiro, pedidos que podem ser feitos pelo cliente antes mesmo dele chegar ao restaurante, sem ter que falar com nenhum ser humano, e até uma hipercustomização do atendimento, no qual o cliente pode fazer inúmeros comandos sobre o que gosta e o que deseja, que será prontamente atendido e preparado pela máquina. Acredite, as possibilidades vão para além do que conseguimos imaginar por agora.

Para além de cenas de ficção científica, estamos enxergando um futuro próximo com um volume de mudanças muito relevantes numa jornada de consumo que já é muito antiga. Este é apenas o início. Esteja atento e preparado, pois seu negócio será engolido pelo vórtex digital.

*Psicólogo, mestre em administração, líder de Gente na Abrasel e CEO da Infinite.pro


 

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