Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

Anastasia e os Preciosos Conselhos aos Candidatos

Publicado em 16/08/2024 às 06:15.

Com ricas e primorosas experiências em mandatos eletivos (vice-governador, governador e senador), somadas a uma sólida formação acadêmica e dedicação admirável ao serviço público, Antônio Anastasia compartilhou seus vastos conhecimentos na palestra de abertura do Curso de Capacitação Política da FIEMG, em parceria com a AMM.

Atesto o dito acima pela convivência e aprendizado nas inúmeras e honrosas oportunidades acadêmicas que o ouvi e como diretor de planejamento da Agencia de Desenvolvimento da RMBH quando Anastasia estava como vice governador de Minas e quando atuei como Ouvidor Geral do Estado em sua gestão como governador.
Atentando para a impossibilidade de manifestações político- partidárias, por ser atualmente Ministro do Tribunal de Contas da União, sua fala ficou adstrita a reflexões e ensinamentos de cunho pessoal aos candidatos às eleições deste ano.

O primeiro ponto assinalado pelo professor aos pretensos candidatos é uma indagação que necessitam fazer a si mesmo: “Eu tenho vocação para servir? Gosto de atender aos outros? Meu perfil é esse? Isso é fundamental, pois, do contrário, teremos angústias e frustrações. A pessoa não ficará satisfeita ao exercer um mandato eletivo, ao exercer esse “múnus” público. Porque múnus é uma palavra da Roma antiga muito ligada ao direito que diz encargo. Na verdade não é uma honra, é uma atribuição, é um ônus e porque a responsabilidade é muito grande. Por isso, sempre coloco como ponto inicial essa indagação: a pessoa deve perguntar a si mesma se tem esse perfil”. 

Assim sendo, disse o ex-governador, devem postular como candidatos “aquelas pessoas que têm vocação cívica para exercer esse múnus”.

Enfatiza ainda que “Precisamos que o cidadão que queira servir tenha a sensibilidade de perceber a vontade de sua comunidade e, tecnicamente, com os elementos da administração, a realize. Transforme essas aspirações em algo concreto, real, utilizável pela sociedade. Esse preparo é muito importante. Por isso, um candidato a prefeito, vereador, governador ou deputado deve ter um plano, não necessariamente um plano de governo, que hoje é obrigatório pela legislação eleitoral, mas ele deve ter metas e prioridades”.

De grande relevância cita Anastasia a origem da palavra Candidato. Vem da Roma Antiga. “Naquela época, as pessoas que pretendiam exercer cargos públicos compareciam nas assembleias, nas praças públicas, com togas brancas imaculadas, totalmente brancas, chamadas “cândidas”, porque “cândido” significa branco puro.

Aqueles considerados incompetentes, corruptos ou inadequados recebiam lama, e suas togas ficavam sujas. Os que mantinham as togas limpas tornavam-se “candidatos”. O candidato deve ser alguém que receba o aplauso e o reconhecimento da sociedade”. 

Seguindo com a palestra, outro importante ensinamento: “Uma coisa aprendi ao longo de meus 40 anos de trajetória na vida pública: a política e a administração jamais se fazem sozinhas. É sempre uma atividade de grupo, não de um grupelho. Falo de grupo no sentido positivo, de pessoas que compartilham o mesmo propósito, a mesma ideologia, as mesmas vontades, finalidades, inclinação política e social, e que, em harmonia e trabalhando solidariamente, apresentam um programa para a comunidade. Assim, o trabalho em grupo refletirá numa administração azeitada, harmônica e coordenada, com bons elementos”.

Por fim, dispõe que “O líder deve ser inspirador. Ele não precisa ter um conhecimento amplo sobre todos os assuntos, mas deve cercar-se de pessoas que o tenham e ter a sensibilidade de ser bem assessorado. Por isso, a liderança é tão relevante e o líder sempre deve dar o bom exemplo”.

Em sequencia ao curso, outras excelentes exposições com conceituados especialistas em campanha eleitoral como Mauricio Noronha, Beatriz Moraes, Jorge Cançado, Flavia Viegas, Pedro Mota, Rodrigo Carneiro, Mari Couto, Leandro Aguiar e com encerramento pelo presidente  da Fiemg Flavio Roscoe, que dispôs de forma assertiva e pertinente da importância de parcerias entre a indústria e os municípios para um robusto e pujante desenvolvimento socioeconômico local, gerando mais empregos, renda e melhor qualidade de vida a todos.

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