Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

Educação Digital: investir ou firmar-se medíocre

14/05/2021 às 19:34.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:56

Parafraseando Nelson Rodrigues, é óbvio ululante que, sem investimentos efetivos em educação digital, nenhum país alcançará níveis adequados de desenvolvimento sustentável, protagonismo dos cidadãos e qualidade de vida de sua população.

Não obstante o momento em que todas as modalidades educacionais e de capacitação tenham sinal verde para retorno às atividades presenciais devido ao momento pandêmico, as ferramentas tecnológicas não só não devem ser desconsideradas, como vieram de uma forma ou outra pra ficar. A antecipação obrigatória de uma ou duas décadas nos países em desenvolvimento se deu pela determinação da quarentena e medidas de distanciamento social impostas pela Covid.

Esta antecipação desnudou ainda mais a desigualdade nesses países, dentre aqueles que têm acesso a equipamentos e tecnologias e os que não têm acesso. Não há outra alternativa, a saber, ou os países investem de forma obstinada e assertiva em educação digital ou estarão fadados a uma triste mediocridade social em um futuro recente.

E não só não é adequado jogar a responsabilidade exclusiva do dito acima para o poder público, como não será suficiente, devido à brutal crise fiscal dos governos. Este um labor para articulações e ações conjuntas entre governantes, empresários, organismos internacionais e entidades da sociedade civil.

Neste diapasão, de sobremaneira importância e significado a recém parceria entre a Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Ratifica “o compromisso mútuo de impulsionar e promover o acesso à educação de qualidade na América Latina e no Caribe e estará focada no desenvolvimento de modelos de ensino híbrido para o desenvolvimento de competências e habilidades do século XXI”.

O memorando assinado no início de maio tem o lema “Conviver, competir e inovar na era digital”, e visa “expandir modelos de aprendizagem, incorporar soluções tecnológicas e de digitalização em programas educacionais, promover indústrias culturais e criativas, bem como melhorar a infraestrutura digital adequada e a qualidade da educação através da formação de professores”.

Importante o dito pelos responsáveis das representativas organizações internacionais acerca do documento assinado. Segundo Mauricio Claver-Carone, presidente do BI, “A América Latina e Caribe tem sido a região mais afetada pela pandemia, gerando não só uma crise sanitária, mas também uma crise no sistema educacional. Esta parceria com a OEI será fundamental no processo de recuperação da aprendizagem e da digitalização do setor para assegurar a continuidade da educação, sanar lacunas de aprendizagem e otimizar os processos de transformação educacional dos sistemas na região”. 

Já Mariano Jabonero, secretário-geral da OE</CW>I, assegurou que “este acordo responde à necessidade de recuperar mais de 17 milhões de estudantes que abandonaram prematuramente os sistemas educacionais da região em todos os níveis”, culpando este número avassalador pela “enorme exclusão digital”, evidenciada pela pandemia, o que levou à perda de atenção educacional dos alunos sem conectividade... devemos mudar o modelo de educação do futuro, para não voltar à inércia do passado, apostando em um modelo híbrido inovador e transformador”.

Observemos com lupa como os países definirão este tema em suas agendas, parcerias e metas de planejamento. Se como algo prioritário, estratégico e até humanitário, ou simplesmente como retórica ou mera sinalização com fins eleitorais.

A conferir!
 

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