Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

Eleições BH: Tramonte X Fuad, Engler ou Duda no segundo turno

Publicado em 13/09/2024 às 06:00.

Com o crescente e progressivo interesse e engajamento da população, a campanha eleitoral começa de fato, com as ruas com propagandas, agendas dos candidatos, cobertura da grande mídia, propaganda no rádio e TV e redes sociais divulgando candidatos.

Serão pouco mais de 3 semanas intensas e decisivas. Pesquisas eleitorais indicam o cenário do momento e sinalizações até o decisivo 6 de outubro. Nesse diapasão, o processo em BH indica que a disputa ficará entre 4 nomes: Mauro Tramonte, Fuad Noman, Bruno Engler e Duda Salabert.

Nesta coluna, em análise um possível segundo turno entre Mauro Tramonte com Fuad Noman. Favorecido pelo fato de ser atual prefeito e com uma poderosa máquina, Fuad vem se tornando mais conhecido com seu alto tempo na propaganda eleitoral no rádio e TV. Somado ao efetivo poder de arrecadação, o posicionando como talvez a campanha mais cara dentre todas, tem um trunfo recente importante que vem contribuindo sobremaneira com seu crescimento nas pesquisas.

Todos os sinais indicam que Rogério Correa foi abandonado por Lula e pela cúpula nacional petista. Conforme matéria de O Globo do dia 11, “Lula manifestou a aliados o desejo de participar de comícios em Natal, Goiânia, Fortaleza e Teresina, onde a sigla tem mais esperança para reverter o quadro”. Nada de BH.

Com um processo de cristianização petista em marcha em relação à candidatura de Rogério Correa, hipótese forte que Lula e líderes partidários mineiros que gravitam a seu entorno definiram Fuad como candidato e assim atuarão de forma implícita, com reflexos claros no pleito de 2026 (governo do Estado e Presidência), caso Fuad (PSD) saia vitorioso. 

Esclarecimento para os que não militam na política do significado do termo cristianização. Segundo o Wikipédia, “Cristianização, na política brasileira, é a situação em que um candidato em uma eleição perde o apoio do seu partido político, que passa a apoiar outra candidatura com mais chances de vitória. A palavra é derivada de Cristiano Machado, que se candidatou à Presidência da República em 1950 pelo Partido Social Democrático (PSD). Ao longo da campanha eleitoral, embora formalmente apoiado pelo PSD, Cristiano viu-se abandonado pelos principais líderes, que passaram a defender a candidatura de Getúlio Vargas, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que acabou vencendo a eleição”.

Importante salientar que acordos de cúpula nem sempre refletem e repercutem bem junto às bases, podendo dar efeito diferente. Por enquanto está funcionando. Conforme pesquisa Quaest divulgada nesta quarta, dos eleitores de Lula em 2022, os que manifestaram intenção de voto em Fuad passaram de 9% para 25%. Claro voto útil que migrou de Rogério Correia e Duda para Fuad.

Duda já fez a leitura do cenário e demonstrou firmeza ao bater firme na necessidade de união das esquerdas e para cessar o sangramento eleitoral deste segmento em prol de Fuad, nome que ela descredencia como merecedor do voto da esquerda de BH.

E outro curioso e intrigante fato é que Fuad está conseguindo atrair forças representativas do setor produtivo à sua candidatura. Setores que até outro dia teciam severas críticas à PBH, à política de regulação urbana e à inércia da cidade em prol de um pujante desenvolvimento econômico, com geração de emprego e renda.

Assim sendo, há uma real possibilidade no momento de Fuad chegar ao segundo turno, em hipótese ancorado por Lula, setores da esquerda e parte do setor produtivo.  Não obstante, há muita coisa a acontecer. Mais do que nunca será forte vidraça para os opositores em desconstruir o que tem sido apresentado na propaganda eleitoral, e ademais, as bases e setores da esquerda contrariarem possíveis acordos vindos do planalto central e engajarem na candidatura de Duda, o que sem dúvida a colocaria no jogo com forte possibilidade de alavancá-la ao segundo turno.

Importante acrescentar, por fim, que dentre os eleitores de Bolsonaro em 2022, os que manifestaram intenção de votar em Fuad passaram de 8% para 16%, conforme a Quaest. Esses números também podem sofrer modificações, quando estes eleitores identificarem ser Bruno Engler o candidato de Bolsonaro em BH, o que pode repercutir na avaliação de Fuad nas próximas pesquisas.

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