Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

Entre nosso nascimento e nossa morte, o que importa é o traço

Publicado em 29/07/2022 às 06:00.

Já dizia o norte-americano Benjamin Franklin: “nada é certo nesta vida, a não ser a morte e os impostos”. Tratemos na coluna desta semana mais da primeira certeza. Nos dois extremos da nossa breve existência no mundo terreno, sem dúvida o que importa é o traço.

Não há qualquer diferença entre as pessoas, independentemente de classe social, gênero, raça, grau de poder, profissão, religião ou onde vive. Nascemos, o que é uma bênção divina. E um dia partiremos. Todos!

“Para tudo há uma ocasião, e um tempo para cada propósito debaixo do céu: tempo de nascer e tempo de morrer...” (Eclesiastes 3:1-2)

E em algum cemitério ou sepultura constará em nosso respectivo pedaço de granito nosso nome e duas datas, a saber: nascimento e morte, separados por um traço. E ao fim e ao cabo, o traço é o que realmente importa, correspondendo ao tempo que estivemos por aqui, entre a chegada e a partida.

Lembremos Cazuza que cantava “O tempo não para, não para, não, não para”. Assim sendo, o tempo entre o nascimento e nossa morte passa rápido, para alguns mais que outros, mais ou menos intensos, mais ou menos dignos de legados deixados.

O traço corresponde a uma específica existência humana. Cada um constrói o conteúdo do seu traço, que sem dúvida traz batalhas, tristezas, adversidades, lutas, quedas, lágrimas, derrotas. E também por suposto as inúmeras superações, vitórias e soerguimentos ao exposto acima.

As lembranças que cada um deixar no seu traço ficará na memória dos que aqui ficam. Apenas alguns exemplos: qual a marca do traço de um Hitler? E de um Stalin? E diametralmente oposto, de um Gandhi ou de uma Madre Tereza de Calcutá?

O mundo contemporâneo está bem complexo e nos deixando cada vez mais perplexos e indignados. Parece que há uma competição entre muitos em ter as marcas mais macabras e tenebrosas nos respectivos traços.

O que dizer de um Putin que invade um país, dizimando famílias e causando uma brutal destruição? E no nosso micromundo, um anestesista absolutamente repugnante e criminoso que estupra mulheres no singular momento de gerar uma vida? Ou ainda de um indivíduo que mata outro, destruindo uma família, por ter posicionamento político diferente?

A correria do dia a dia faz com que muitas das vezes nos fechemos em nossas bolhas, exalando egoísmo, indiferença e descompaixão. E ainda alguns outros com soberba, arrogância, ostentação e brutalidade física ou verbal com outras pessoas. 

Estas características não podem prevalecer no nosso traço. 
Mudemos rápido de posicionamento. Pequenos gestos podem gerar grandiosas consequências. Seja uma palavra amiga e de incentivo, uma oração a alguém, um abraço, uma ação a um necessitado, um tempo de atenção, uma mobilização em prol de desfavorecidos. Exemplos que contribuem para um traço digno da justificativa da existência humana. 

E você que está lendo este texto, reflita um pouco sobre sua vida. Quais marcas, características e lembranças está consolidando em seu traço para quando chegar o momento de sua placa de granito ser feita?

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