Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

Fim da agenda Woke: do DEI ao MEI

Publicado em 07/02/2025 às 06:00.

A pujança das redes sociais aprofundou a polarização em um mundo complexo, dinâmico e pendular e predominância de agendas, especificamente quanto ao "wokeísmo".

A palavra woke é a forma passada do verbo wake, que significa “acordar”, em português. O uso do termo "woke" surgiu na comunidade afro-americana. Originalmente, ele queria dizer "estar alerta para a injustiça racial".

Posteriormente passou a um sentido mais amplo, ser ou estar "woke" pode indicar com quais posturas políticas você mais se identifica, sendo sinônimo de um movimento de conscientização política de grupos progressistas que questionam desigualdades sociais nos Estados Unidos. 

Na atualidade, passou a ter dubio sentido. Assim como algumas pessoas se autodefinem com muito orgulho como alguém woke, ou atento contra a discriminação e a injustiça, outros utilizam o termo como algo negativo e pejorativo.

Conforme matéria da BBC, “para algumas pessoas, ser "woke" é ter consciência social e racial, questionando paradigmas e normas opressoras historicamente impostas pela sociedade. Já para outros, o termo descreve hipócritas que acreditam que são moralmente superiores e querem impor suas ideias progressistas sobre os demais.

Os críticos da cultura "woke" questionam principalmente os métodos coercitivos adotados por pessoas que eles acusam ser "policiais da linguagem" — sobretudo em expressões e ideias consideradas misóginas, homofóbicas ou racistas”.

Algumas empresas passaram a ser atacadas nos últimos anos ao adotarem mudanças que são interpretadas — para o bem ou para o mal — como "woke".

Segundo a mesma matéria, “nos últimos tempos, a empresa que recebeu mais elogios e críticas por ser considerada woke é a Disney. Em abril de 2022, o governador DeSantis assinou uma lei para retirar o status legal especial da Walt Disney Company no Estado da Flórida. E legisladores republicanos advertiram que não aprovariam a prorrogação dos direitos autorais da Disney sobre o seu principal personagem, Mickey.

Tudo isso se deu em represália à oposição dos executivos da empresa a uma lei que proíbe aulas sobre sexualidade, orientação sexual e diversidade de gênero nas escolas primárias da Flórida.

Pressionada pelos funcionários que protestaram e deflagraram greve frente ao silêncio inicial da empresa, a Disney publicou um comunicado contrário a essa norma.

A empresa também foi acusada por alguns setores conservadores de "fazer ativismo woke", quando escolheu uma atriz negra como protagonista da nova versão do clássico “A Pequena Sereia”. 

A vitória de Trump potencializa e impõe uma agenda em direção a "substituir a tirania woke", conforme o próprio presidente disse. Em seu primeiro dia de mandato, o republicano assinou documentos que pedem o fim do que seu governo chama de "programas DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) radicais e desperdiçadores" e buscam restaurar "a verdade biológica ao governo federal". 

Os debates sobre o "wokeísmo" não dominam apenas a agenda política e cultural americana. Eles também ingressaram no mundo empresarial. Entre os gigantes que recuaram nas ações de pautas woke estão Meta, Amazon, Walmart, Ford, John Deere, Harley-Davidson, McDonalds, Boeing e mais recentemente a Google.

Por suposto esta nova onda nos Estados Unidos tende a influenciar outros países. Conforme matéria da Folha de SP e do OGlobo, em postagem em sua rede social, a Vice Presidente executiva de pessoas de uma das maiores empresas brasileiras, a mineradora Vale, Cátia Porto, diz que "a cultura woke está perdendo espaço. Ao contrário do DEI, que foca na diversidade como elemento-chave, tem um novo movimento chamado MEI (Mérito, Excelência e Inteligência), que enfatiza uma combinação de mérito e altos padrões de desempenho juntamente com habilidades intelectuais". 

Será a derrocada da agenda e ações woke no EUA, no Brasil e em outros países?

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