“É a economia, estúpido” foi uma frase cunhada por James Carville, estrategista da campanha vitoriosa de Clinton em 1992, para definir a estratégia da virada e derrota do então presidente George W. Bush. Este detinha um ano antes 90% de aprovação após o início da guerra no Kuwait, mas a forte recessão da economia proporcionou a virada do democrata.
Emblemático o artigo do mesmo James Carville no The New York Times dia 02 de janeiro, acerca da derrota da democrata Kamala para Trump. Um recado claro para a esquerda brasileira em relação às eleições presidenciais de 2026 no Brasil. Intitulado “I Was Wrong About the 2024 Election. Here’s Why”, dispõe de forma direta da correlação entre economia - preços dos produtos e poder de compra - com o processo decisório do voto.
Para reflexões algumas partes do artigo: “Eu pensei que Kamala Harris venceria. Eu estava errado. Embora eu tenha certeza de que nós, democratas, possamos argumentar que a derrota não foi esmagadora ou encontrar algum consolo em nosso desempenho na Câmara, o mais importante para nós agora é reconhecer que estávamos errados e agir sobre o "porquê" predominante.
Para recuperar a narrativa econômica, devemos nos concentrar em revitalizar uma máquina de mensagens transformada para o novo paradigma político em que nos encontramos vivendo. Trata-se de encontrar maneiras de falar com os americanos sobre a economia que sejam persuasivas. Repetitivas. Fáceis de memorizar. E inteiramente focadas nas questões que afetam a vida cotidiana dos americanos.
Isso começa com a maneira como formamos nossa oposição. Em primeiro lugar, temos que parar de fazer de Trump nosso foco principal, porque ele não pode ser eleito novamente. Além disso, é claro que muitos americanos não dão a mínima para as acusações contra ele — mesmo que sejam justificadas — ou para seus impulsos antidemocráticos ou para questões sociais se não puderem sustentar a si mesmos ou suas famílias.
Trump venceu o voto popular ao colocar a raiva econômica dos americanos em primeiro plano. Se nos concentrarmos em qualquer outra coisa, corremos o risco de cair ainda mais no abismo. Nossa máquina de mensagens deve se concentrar fortemente em se opor à agenda econômica impopular dos republicanos que continuará a existir depois dele. Oponha-se vocalmente ao partido, não à pessoa ou ao extremismo de seu movimento; focar sua dor econômica, sim, assim como contestar a agenda econômica republicana.
E com as contas públicas desequilibradas, as previsões da economia para o Brasil em 2025 e 2026 não são boas: inflação em alta, juros elevados e dólar nas alturas. O discurso que “o amor tem que vencer novamente”, de que “só nós garantimos a defesa da democracia” não serão suficientes para garantir a sucessiva vitória da esquerda. Uai, mas como assim? Mas por quê?
É que “Sempre será a economia, estúpido!”