Primeiramente relevante citar um fato inédito, salvo melhor juízo, desde a criação do primeiro partido político no país, o Partido Brasileiro, em 1822. No ato de filiação de Mateus Simões ao PSD, lá estava no dispositivo principal o presidente estadual do partido Novo, o mesmo ao qual o vice-governador desfiliou.
Intrigante, pois estava celebrando, aplaudindo e inclusive com direito a fala, exaltando o nome de Mateus como pré candidato a governador. Mas não pelo seu partido. Por outro!
Qualquer iniciante nos estudos da ciência política sabe que todo partido político almeja a busca pelo poder, meio para aplicar seus preceitos e conteúdos programáticos. O fato citado acima é uma constatação explícita de aceitação de um partido em ser força auxiliar de outro ou meramente reconhecer sua fragilidade e incapacidade político-eleitoral.
E veja, não estamos falando de um nome qualquer, estamos falando da saída do segundo nome mais importante em âmbito nacional do partido Novo, pois em se tratando do segundo colégio eleitoral nacional, o governador Zema é sua estrela principal e seu vice-governador até então era o segundo.
Segundo um dos melhores deputados da Câmara Federal, o competente e atuante parlamentar do Novo pelo Rio Grande do Sul Marcel Van Hattem, “se todos os estados fizerem o que Minas está fazendo, ou seja, colocando seu principal nome da disputa em outro partido para ‘vencer’ eleição, o Novo acaba. Simples assim”.
Imaginem só um jogador destaque de um time pequeno que se transfere para um maior. Algo até normal, correto? Mas na sua apresentação, lá está junto ao presidente do time novo o também presidente do time anterior, sorridente e bradando que vitórias e títulos virão com a mudança. Vai entender!
Especificamente da filiação de Mateus ao PSD, indubitavelmente sua candidatura ganha musculatura, pela expressão orgânica do partido, números de parlamentares, prefeitos, recursos partidários e tempo na propaganda eleitoral.
Mateus Simões é inteligente, estratégico, profundo conhecedor da máquina pública e trabalhador. Tem alguns obstáculos relevantes a vencer, segundo conversas intramuros na ALMG, como dificuldade de agregar e falas recentes que mais distanciam possíveis aliados do que atraem, como pouca margem de composição na chapa majoritária (vice-governador e vagas ao Senado), e recentes entrevistas com o intuito de desconstruir a liderança do senador Cleitinho, anteriormente um potencial e provável aliado, mas cada vez mais distante de um apoio mesmo que em um hipotético segundo turno. Sem contar o comedido entusiasmo do setor produtivo mineiro e seus principais próceres em empunhar seu nome como o melhor representante do setor.
O xadrez em Minas ainda está incipiente. Muito a se definir. São várias hipóteses que tendem a se concretizar até o fim do ano. Perspectivas de três ou quatro nomes com capital eleitoral estarem na disputa, indicando reais possibilidades de segundo turno.
Por fim, se Cleitinho confirmar sua candidatura ao governo, Mateus terá enormes dificuldades. Caso Nikolas defina pelo governo, a candidatura de Mateus irá para UTI e respirará a base de aparelhos.