Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

Pós-Covid: a surpresa do aumento das viagens de negócios

Publicado em 30/04/2022 às 06:30.

A pandemia da Covid, pela sua gravidade e seu caráter de ineditismo, universal e repentino, fez com que várias análises dos mais diversos temas fossem feitas quando se findassem as restrições com as quais fomos submetidos. Um termo muito utilizado, o “novo normal”, desafiava especialistas a decifrar como se dariam as relações humanas, econômicas, sociais e profissionais quando o turbilhão passasse.

Especificamente em relação à temática do turismo, duas análises distintas foram feitas, conforme sua motivação.

O de lazer, as perspectivas é que seriam intensificadas após o fim das restrições, com menor risco dos efeitos do vírus. Bem previsível esta análise, sendo confirmada com números recentes. De início, viagens mais curtas; depois, as interestaduais, e, em um futuro próximo, as internacionais, não obstante os efeitos da guerra da Ucrânia, com aumentos do combustível e desvalorização do Real.

Em se tratando das viagens corporativas, uma análise feita que no “novo normal” é que elas seriam reduzidas drasticamente, pois o ambiente virtual de reuniões e negócios prevaleceria sobre o presencial. Alguns afirmaram que seria o fim das grandes convenções, congressos e encontros setoriais, inclusive com os grandes centros e locais para estes fins fadados a fechamento definitivo.

Eis que números recentes em relação às viagens corporativas mostram equívoco nesta análise, o que é positivo, pois têm grande capacidade de gerar emprego e renda na respectiva localidade. 

Conforme matéria recente da CNN, segundo dados da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp), “o setor brasileiro de viagens corporativas faturou R$ 869 milhões em março deste ano, montante apenas 2% menor quando comparado a 2019, quando o valor chegou a R$ 890 milhões". Conforme dispõe Gervásio Tanabe, presidente executivo da Abracorp, “teremos uma curva crescente ao longo de 2022”. Diz ainda que “a guerra continua como uma dúvida neste momento", mas, por outro lado, a associação enxerga a pandemia como um fato já controlado. "Já vemos os eventos corporativos e as reservas acontecerem definitivamente – e sem cancelamento.”

Por suposto que reuniões e alguns eventos corporativos serão feitos de forma virtual, quando seu caráter emergencial exige, pelo custo, menos complexidade na sua realização e facilidade de reunir experts de determinado tema. Mas especialistas convergem na importância e necessidade dos encontros presenciais corporativos.

Segundo matéria da CNN, “interação face a face, conexão pessoal, qualidade de relacionamento, ampliação do networking e maior confiança na hora de fechar um negócio com o famoso aperto de mãos. Estes são apenas alguns atributos mais comentados que as viagens corporativas proporcionam, pois são parte fundamental no processo do desenvolvimento de muitas áreas”. Esta percepção em âmbito mundial.

Conforme dados da US Travel Association, de março de 2022, mais de 77% dos viajantes de negócios concordam que é mais importante do que nunca trazer de volta as viagens de negócios.

Este tipo de viajante é menor em quantidade que os que viajam a passeio e lazer, mas são mais frequentes e rotineiros no dia a dia das empresas e governos.

A mesma tendência segue positiva em relação ao turismo de eventos, com potencial ainda maior para o desenvolvimento econômico local.

Por fim, a disputa entre cidades e estados do Brasil será grande para atração de grandes eventos, congressos, seminários e convenções corporativas. Pertinente, necessário e na ordem do dia é um eficiente planejamento conjunto entre o governo de Minas Gerais, iniciativa privada e prefeituras, especificamente a PBH, para potencializar este setor com o intuito de gerar mais renda e empregos no nosso estado, contribuindo sobremaneira na recuperação econômica e social de Minas nessa fase do pós Covid. 

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