Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

Quando o trabalho afeta nossa saúde mental

Publicado em 03/02/2023 às 06:00.

O complexo e desafiador momento em que vivemos impõe refletirmos acerca da nossa vida. Dentre outros fatores, fomos todos impactados pela Covid. De uma maneira ou outra, de forma sorrateira, a pandemia chegou em nossas vidas afetando nossas relações humanas, sociais, profissionais e econômicas.

Uma estranha e enigmática sensação (ou um fato) que a vida está passando mais rápido, nos atormenta muitas das vezes com os inúmeros afazeres e da premente necessidade de equilibrarmos vida pessoal e profissional.

Resiliência passou a ser uma palavra chave em nossos diários desafios. Uma atenção para nosso ambiente profissional, fruto de representativas mudanças dos últimos anos.

Talvez poucos saibam da etimologia da palavra trabalho. Segundo o portal etimologia.com.br, a palavra trabalho “vem do latim tripaliāre, interpretado como torturar, tendo raiz no latim tripalium, em referência a um artefato de tortura usado pelos antigos romanos para castigar os réus ou condenados”.

Mas, por suposto, o entendimento atual não tem nada a ver com sua etimologia, devemos o identificar como algo que enobrece, edifica e garante nosso sustento e de nossos familiares.

Nesse diapasão, precisamos fazer com que seja algo positivo em nossas vidas, superando adversidades e nos fazendo bem. Interessante matéria recente no The New York Times reproduzida pelo O Globo sobre os sinais que temos que ficar atentos de
que o trabalho está afetando nossa saúde mental e é hora de buscar outro caminho.

O mote da matéria foi a decisão da primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, de renunciar após seis anos no comando do país. Ao comunicar a decisão, disse: “Estou saindo porque com um papel tão privilegiado vem a responsabilidade, a responsabilidade de saber quando você é a pessoa certa para liderar e também quando não é. Eu sei o que esse trabalho exige. E sei que não tenho mais combustível suficiente no tanque. É simples assim”.

Segundo a matéria, importante entender nosso corpo e nosso estado emocional para saber do momento de mudança de trabalho. “Tomar a decisão de se afastar de um emprego nem sempre é fácil ou viável. Mas quando seu bem-estar físico ou emocional está sofrendo e seu estresse não é aliviado por um dia de folga para dar um descanso para a saúde mental, os especialistas dizem que geralmente é melhor começar a procurar trabalho em outro lugar”.

De forma objetiva, são apresentados alguns sinais sobre nossa vida profissional e talvez o momento de trocar de emprego. Reflitamos em dois deles.

“Você se sente esgotado. O burnout é tipicamente caracterizado por três sintomas: exaustão emocional, negatividade e a sensação de que não importa o quanto você tente, você não pode ser eficaz em seu trabalho. Se você está se sentindo um pouco esgotado, fazer uma pausa — seja no fim de semana ou durante as férias — deve ajudar, orienta Jessi Gold, psiquiatra da Universidade de Washington em St. Louis. Mas se você não está se sentindo restaurado e volta a ficar com raiva e odiar seu trabalho, esse é outro sinal de alerta de que você deve pensar em se demitir se for financeiramente viável ou em procurar um novo emprego”.

“Você não se sente valorizado ou apoiado. As pessoas que se sentem valorizadas também tendem a sentir segurança psicológica, um termo que se refere a quão seguro você se sente no local de trabalho ao contribuir com ideias, fazer perguntas ou compartilhar preocupações. Em outras palavras, a organização promove um ambiente onde os funcionários se sentem à vontade para falar sem medo de punição ou de se sentirem ridículos. Se você trabalha para uma organização que não promove a segurança psicológica, pode ser hora de pensar em sair, dizem os especialistas. Esse é especialmente o caso se seu gerente ou colegas de trabalho estiverem fazendo ameaças ou comentários abusivos, ou se seu local de trabalho parecer tóxico e não houver uma solução à vista”.

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