Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

Reforma Eleitoral não é Comida Mineira

13/08/2021 às 16:54.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:40

Óbvio ululante que boa pessoa não é a que não aprecia nosso pão de queijo, nossas quitandas, nossos doces, nossos queijos premiados internacionalmente, um cafezim com broa ou um almoço com um belo feijão tropeiro.

Seja em âmbito nacional ou internacional, a cozinha mineira se destaca como enorme potencialidade e reverenciada sobremaneira pelos que aqui visitam. Vale a citação da Wikipédia que dispõe que “A culinária de Minas Gerais talvez seja a que concentra a maior diversidade de pratos no Brasil,pois em cada região do estado há uma comida típica diferente, com ingredientes encontrados com fartura no meio rural.

Importante destacar que a culinária mineira traz elementos que apontam para a diversidade local iniciada, ainda, com o primeiro adentramento dos exploradores de ouro. Portugueses, negros e índios passaram a compartilhar hábitos e ingredientes, até então singulares, que, ao longo do tempo, enraizaram uma cultura gastronômica única e que valorizava, cada vez mais, o regionalismo. A partir do século XVIII, a visibilidade da região de Minas Gerais passou a deixar marcas na culinária nacional”.

Por outro lado, um tema como reforma eleitoral está em distanciamento galáctico de empolgação, convergência ou unanimidade. Milhares não apreciam, e não têm, infelizmente, nenhum interesse no assunto; centenas opinam e palpitam nas redes sociais sem nenhuma consistência ou conhecimento mínimo do que postam ou compartilham; poucos convergem em itens da temática; e alguns, parte da totalidade dos integrantes do Congresso nacional, que têm competência constitucional para normatizar a questão, sobrepõem interesses pessoais e partidários ao verdadeiro e legítimo interesse público.

Não há democracia pujante sem partidos políticos fortes e efetiva conexão entre representantes e representados. As normas eleitorais se destacam sobremaneira no arcabouço jurídico pátrio, pois elas regulamentam como serão eleitos nossos representantes nos poderes executivos e legislativos, e estes, em todos os níveis da federação, têm competência primaria de normatizar todos os demais temas que regerão nossa vida em sociedade.

Deve ser explicitado que uma adequada reforma eleitoral não será uma panaceia para os principais problemas nacionais, algo que alguns mais distraídos imaginam que como um passe de mágica no dia seguinte a sua aprovação acabará nossa brutal desigualdade, todos os políticos corruptos serão presos e tudo funcionará de forma cartesiana e efetiva nos governos.

Longe disso. Uma adequada normatização partidária e eleitoral é apenas uma ferramenta de aprimoramento e fortalecimento da nossa democracia e do sistema de representação política. E doravante solidificarmos um círculo virtuoso na administração pública, possibilitando mais eficiência e transparência na gestão e drástica redução do patrimonialismo, modelo enraizado no país e tão prejudicial e contrário ao interesse público e ao bem comum.

Ponto fulcral e indispensável a questão educacional da população, em que o aspecto protagonista em suas vidas os tornarão cidadãos conhecedores de seus direitos, deveres e obrigações, etapa fundamental para termos a chamada democracia real.

Fiquemos atentos às propostas, debates e votações que estão sendo feitos no Congresso Nacional atinentes a chamada reforma eleitoral.Seguramente impactarão em nossas vidas, direta ou indiretamente, com reflexos para esta e para as próximas gerações.

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por