Nas disputas eleitorais, vitórias e derrotas não se dão da noite para o dia. Principalmente são frutos de processos analíticos da conjuntura econômica e suas perspectivas, de pesquisas qualitativas para sentir o “humor da população”, planejamento estratégico, marketing e articulações políticas.
Os mais distraídos talvez achem que as vitórias de Bolsonaro em 2018 e de Lula em 2022 se deram por obra do acaso. Na de 2018 Bolsonaro soube pautar de forma efusiva o tema corrupção, ao identificar uma população indignada com os bilhões desviados da Petrobras nos governos do PT.
Quanto à vitória de Lula em 2022 também foi fruto de um marketing competente que soube explicitar e potencializar os equívocos do governo Bolsonaro. Este superestimou sua liderança e desconsiderou os efeitos negativos que vinham consumindo seu capital político ao tratar temas da covid, ao se expor de forma excessiva, agressiva e intolerante em eventos e nas redes sociais em relação a adversários e a integrantes de outros poderes.
Ou interpretaram errado pesquisas qualitativas ou nem mesmo as utilizaram na definição de estratégias políticas. Isso proporcionou ações e estratégias exclusivas para sua bolha, posicionada à direita no aspecto ideológico, desconsiderando representativos setores que se identificavam como de centro.
E por fim como outro erro substancial na estratégia foi a definição do vice. Em uma disputa que se prenunciava dura entre candidatos carismáticos e populares de direita e um de esquerda, a conquista do eleitorado de centro seria fundamental. Lula já tinha aprendido a lição em 2002 ao escolher o saudoso José Alencar como seu vice. E repetiu a estratégia vitoriosa em 2022 ao escolher Geraldo Alkmin.
Não obstante ser o General Braga Neto pessoa de excelente trato, de destacada inteligência e correção, ter sido o escolhido por Bolsonaro para ser seu vice em nada agregou em termos eleitorais, por pertencer ao mesmo espectro ideológico. Pode-se refletir algo como foi Bolsonaro quem perdeu, e não Lula quem ganhou.
E quanto a 2026, até as palmeiras da Praça da Liberdade sabem que o Governador Zema é um potencial nome para a disputa contra a esquerda, seja Lula ou quem ele definir.
A seu favor principalmente sua boa avaliação como governador do estratégico estado de Minas Gerais. Ademais é qualificado como pessoa afável, de bom trato, tolerante a opiniões distintas e de comportamento e vida pregressa irretocáveis no campo ético.
Como fragilidades a serem trabalhadas, é pouco conhecido em âmbito nacional e seu atual partido, o Novo, não atingiu a cláusula de barreira em 2022, comprometendo o programa eleitoral de candidatos do partido em 2026 e participação em debates. E teoricamente o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, do mesmo campo político, tem no momento posição mais favorável, por ser mais conhecido nacionalmente e mais identificado pela direita como presidenciável.
Não sendo Bolsonaro candidato, por questões legais, pessoais ou políticas, sua liderança e capital político o colocam como importante protagonista nas definições do processo eleitoral pelo campo da direita. E assim sendo, qualquer movimentação e decisão passarão por ele. A seu tempo e conveniência.
Ao fim e ao cabo, de Minas saiu o melhor presidente que o Brasil já teve, Juscelino Kubistchek.
E quem sabe saia novamente de Minas um nome capaz de conquistar o decisivo eleitorado de centro, com perfil equilibrado e com bom senso para liderar um movimento por um Brasil mais justo, tolerante, desenvolvido social e economicamente, com menos corrupção, sem políticas públicas populistas, com uma máquina estatal menor e menos burocrática, com uma gestão pública moderna e desprovida de ideologias ultrapassadas?