Irlan MeloAdvogado, teólogo, professor universitário e vereador de BH eleito para seu segundo mandato como o 8° vereador mais votado de BH

A igreja deve se posicionar politicamente?

30/09/2021 às 16:31.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:58

Essa é uma pergunta que tem dividido opiniões de cristãos em todo mundo, em especial em tempos de polarização política em que vivemos. Uns acham que a igreja deve atuar politicamente, mas outros preferem a neutralidade e afirmam que a igreja deve se preocupar apenas com questões espirituais, vendo na oração a única possibilidade de interferência cristã em busca da mudança que queremos em nosso Brasil. 

De fato, a oração tem poder, mas não exclui a ação! 

Se o pastor batista Martin Luther King Jr. atuasse apenas no campo espiritual, no conforto do seu templo e não fosse para a rua e se tornasse um ativista político, talvez os EUA ainda estaria vivendo sob segregação racial. 

A Reforma Protestante, por exemplo, trouxe profundos impactos nos mais variados setores da sociedade. Se você lê um jornal ou livro hoje, por exemplo, dê graças ao envolvimento social da igreja.

O sucesso da imprensa de Gutenberg começou sobretudo com sua impressão de cópias da Bíblia, ainda na década de 1440. Mas a utilização da imprensa tornou-se realmente intensa no século seguinte, com a Reforma Protestante empreendida por Martinho Lutero. Os panfletos luteranos, que começaram a ser veiculados em 1517, passaram a ser rodados nas máquinas de imprensa dos vários principados alemães simpáticos à causa reformista. 

Essa disseminação dos escritos de Lutero por meio da imprensa começou uma revolução sem precedentes na prática da leitura, haja vista que, antes disso, a demora em se fazer uma cópia à mão de um documento era enorme. Com a imprensa, centenas eram feitas em um único dia. Se a atuação de Lutero se resumisse à oração, provavelmente estaríamos pagando indulgências em tempos medievais!

O envolvimento político e social da igreja, principalmente após a reforma, foi a raiz dos avanços e liberdades que usufruímos hoje, como o fim do sacrifício de crianças no primeiro século, o reconhecimento e a valorização das mulheres, o direito das crianças, a abolição da escravidão, a liberdade econômica e de expressão, dentre outras diversas conquistas.

A atuação da igreja frente às tensões políticas e sociais não deve se limitar à oração. A igreja não deve ser passiva e seu envolvimento não pode ser raso. O cristão, em uma sociedade não cristã, precisa mais do que nunca pensar criticamente e se engajar a partir das verdades eternas contidas nas escrituras.

Pense nisso! 

Escrito em parceria com o jornalista Leandro Jahel.

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