Na última semana, tive a oportunidade de conduzir, na Câmara Municipal de Belo Horizonte, uma importante audiência pública da Comissão de Educação. O tema foi o avanço do antissemitismo em nossa cidade, especialmente nos ambientes escolares e universitários. O assunto, que deveria preocupar toda a sociedade, tem sido tratado com descaso por aqueles que, paradoxalmente, se autoproclamam defensores da diversidade e da liberdade de expressão.
A audiência contou com a presença de representantes da Federação Israelita de Minas Gerais, do presidente do Museu do Holocausto de Curitiba, Carlos Reiss, do presidente executivo do Stand With Us Brasil, André Lajst, além de membros da comunidade judaico-messiânica e da sociedade civil. O objetivo foi ouvir relatos, compreender o contexto atual e propor soluções diante do aumento preocupante de manifestações antissemitas no Brasil que, segundo dados divulgados pela imprensa, cresceu mais de 350% nos últimos dois anos.
Nos últimos meses, temos assistido a cenas lamentáveis em diferentes partes do país: passeatas e manifestações em apoio ao Hamas, um grupo reconhecido internacionalmente como terrorista, palavras de ordem contra o povo judeu e ataques nas redes sociais, inclusive vindos de figuras públicas, partidos políticos e sindicatos. E o que mais preocupa é perceber que parte desses discursos está se infiltrando nas universidades e nas escolas, ambientes que deveriam ser espaços de formação de consciência, tolerância e respeito.
Recentemente, nosso gabinete recebeu uma denúncia sobre panfletos com conteúdo antissemita circulando na UFMG. Isso motivou a realização da audiência pública. É inaceitável que dentro de uma universidade pública sustentada pelos impostos de todos os brasileiros se propague o ódio disfarçado de discurso político. Defender o Hamas ou demonizar o Estado de Israel não é ativismo; é legitimar a violência e o terrorismo.
Na audiência, discutimos o papel da educação na promoção de uma cultura de paz. As escolas precisam abordar o tema da intolerância religiosa e do antissemitismo de maneira responsável e educativa. Nosso objetivo é propor a inclusão de conteúdos que ensinem sobre a história e as contribuições do povo judeu para o mundo e para o Brasil, e que reforcem valores como empatia, respeito e liberdade.
Como encaminhamento, vamos realizar uma reunião entre representantes da Federação Israelita e da comunidade judaica de Belo Horizonte para construir propostas concretas que possam ser aplicadas no currículo das escolas municipais. Também vamos apresentar projetos de lei que punam manifestações de apoio a grupos terroristas e discursos antissemitas na cidade.
A fé e a liberdade religiosa são pilares da democracia. Não existe verdadeira pluralidade quando um grupo é silenciado ou atacado por sua origem, crença ou identidade. O povo judeu, que carrega uma história milenar de superação e contribuição para a humanidade, merece ser respeitado. Israel é uma nação que simboliza liberdade, inovação e diversidade, basta lembrar que Tel Aviv abriga a maior Parada do Orgulho Gay do mundo, algo impensável em países dominados pelo extremismo islâmico.
Defender o povo judeu é defender o direito de todos a crer, pensar e viver em paz. Combater o antissemitismo não é apenas uma causa da comunidade judaica; é uma causa de toda a sociedade que acredita na justiça, na verdade e na liberdade.
Que Belo Horizonte seja exemplo de respeito, convivência e coragem para enfrentar o ódio com educação e verdade.