Irlan MeloAdvogado, teólogo, professor universitário e vereador de BH eleito para seu segundo mandato como o 8° vereador mais votado de BH

Atlético x Cruzeiro na política

Publicado em 06/06/2022 às 06:00.

A rivalidade entre times de futebol é sadia, mas não podemos levar essa ideia para a política. Como já dizia Tancredo Neves, com extrema sabedoria, na política quem deve brigar são as ideias, não os homens.

Como queremos fazer o Brasil avançar se não conseguimos discutir nossos problemas de maneira profunda? Precisamos sair do Atlético x Cruzeiro, do Fla x Flu. Precisamos de diálogo.

Os pensamentos pautados em conceitos binários são facilmente e perigosamente petrificantes. Precisamos parar com esse dualismo religioso cuja doutrina, em termos simples, consiste em afirmar a existência de um conflito entre o bem e o mal, mas que passou a significar qualquer visão de mundo que o divida em poderes opostos e incompatíveis.

Você é daqueles que acham que criticar a polícia é defender bandido? Para algumas pessoas, a vida é simples: é céu ou inferno. Não existe outra coisa entre um polo e outro, nenhuma área cinzenta, nenhuma dúvida, nada. Para elas, o mundo não é complexo.

Nas discussões sobre política, o maior exemplo é a batalha de décadas entre capitalismo e comunismo. É como se estas fossem as únicas formas econômicas aplicáveis e possíveis em qualquer sociedade. Características foram definidas para quem está de um lado ou está de outro. Se a pessoa é contra a propriedade privada, ela só pode ser comunista. Se a pessoa é a favor do estado mínimo, ela só pode ser capitalista. Não há espaço para proposições de outros modelos, pois o tempo todo um lado quer desqualificar o outro.

Não há lugar para críticas internas, pois quem faz isso é silenciado sob a ameaça de ser um traidor.  E mesmo quem tenta não se estigmatizar se colocando de um lado ou de outro, normalmente é acusado por seus detratores de estar do outro lado ou de ser covarde, por não escolher um lado, como se o “não lado” não fosse por si um lado igualmente válido.

A razão e a verdade são, muitas vezes, esbofeteadas e jogadas para escanteio, devido às questões ideológicas. A intolerância tem levado a uma divisão sectária da sociedade, ao discurso de ódio ao diferente, indo muito além da mencionada divisão nós/eles.

Prefere a eliminação do adversário ou até inimigo a qualquer custo, sem medir consequências dos seus atos. Atua sob a égide da emoção. E o ódio é uma emoção que sucumbe à razão. Temos que mudar este cenário com urgência.

Precisamos aprender a discutir ideias e não pessoas, colocar o bem estar coletivo acima de qualquer vaidade ideológica. É assim que tenho feito política e é assim que vou seguir fazendo!

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